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BBC anuncia "encolhimento" devido a cortes orçamentários

Kate Holton e Georgina Prodhan

De Londres

06/10/2011 09h57

A BBC disse nesta quinta-feira que deve se tornar "significativamente menor" em consequência dos cortes de orçamento realizados pelo governo britânico na emissora pública de rádio e TV.

Maior emissora do mundo, a BBC sofreu um corte de 20 por cento no seu orçamento anual de 3,5 bilhões de libras (5,4 bilhões de dólares) imposto há um ano pelo governo, que precisou promover o maior corte das últimas décadas nos gastos públicos britânicos para fazer frente às dificuldades fiscais.

"Até 2016, a BBC se tornará significativamente menor do que é hoje", disse a emissora no anúncio dos seus planos para a redução de tamanho.

Com oito canais nacionais de TV, 50 emissoras de rádio e um imenso site na Internet, o tamanho e os recursos da tradicional emissora pública já eram objeto de inveja e de críticas dos concorrentes, a começar pela BSkyB, do magnata Rupert Murdoch. Os canais privados também vêm enfrentando dificuldades nos últimos anos, porque a recessão afeta o seu faturamento publicitário.

Pelos planos anunciados na quinta-feira, a BBC deverá cortar 2.000 vagas, reduzir seu orçamento para a compra de direitos de transmissão (inclusive esportivos), diminuir o número de executivos em cargos de chefia, partilhar mais conteúdo entre os diferentes serviços e exibir mais reprises. Imóveis da emissora na zona oeste de Londres serão vendidos.

Com isso, a BBC terá uma economia de cerca de 670 milhões de libras por ano a partir de 2016/17.

No ano passado, a BBC havia aceitado congelar em 145,50 libras a taxa anual paga por todo domicílio britânico que tenha televisão. A emissora também está assumindo gastos extras que eram bancados anteriormente pelo governo, como a verba para o serviço mundial de rádio, que transmite para o exterior.

"Só poderemos cumprir esse plano adotando a mais abrangente transformação da nossa história", disse a BBC. "Isso envolve escolhas dolorosas para a BBC, incluindo significativas perdas de empregos em todos os níveis da organização."

O acordo entre a direção da BBC e o governo foi fechado às pressas, sem os vários meses de negociações geralmente envolvidos no processo, porque o governo de coalizão tinha urgência em cortar gastos públicos depois de tomar posse, no ano passado.

Chris Patten, que foi o último governador britânico de Hong Kong e hoje dirige o órgão que supervisiona a BBC, fez na quinta-feira o anúncio das medidas aos funcionários, e disse que é natural que a emissora tenha de fazer sua parte nos cortes de gastos públicos, levando em conta o estado da economia global.

A BBC domina o setor de comunicações na Grã-Bretanha, oferecendo uma ampla oferta de dramaturgia, comédia e programação infantil, uma enorme operação jornalística e alguns dos mais populares sites da Internet no Reino Unido.