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Em gravação, Jackson parece drogado e diz: "Não tive infância"

05/10/2011 19h27

Por Alex Dobuzinskis

LOS ANGELES (Reuters) - Uma gravação em que Michael Jackson parece estar drogado foi apresentada na quarta-feira no julgamento do médico Conrad Murray, acusado de ter cometido homicídio culposo contra o "Rei do Pop". Nessa gravação, de maio de 2009, o cantor dizia que desejava ajudar crianças, e explicava sua motivação: "Eu não tive infância".

A conversa de maio de 2009, gravada por Murray em seu celular, tornou-se um dos momentos mais fortes até agora no julgamento do médico, iniciado há uma semana em Los Angeles.

Três irmãos de Michael Jackson - Jermaine, Randy e Rebbie - estavam no plenário e ouviram a gravação. Jermaine enxugou lágrimas com um lenço de papel.

Na gravação, ouve-se Jackson falando muito devagar e baixo, às vezes de forma incoerente, enrolando as palavras.

"Minhas apresentações estarão aí ajudando minhas crianças, e serão sempre o meu sonho", disse Jackson. "Eu as amo porque não tive infância. Eu não tive infância. Eu sinto a dor delas."

Os promotores usaram a gravação para tentar provar que, antes de Jackson morrer, em junho de 2009, Murray já sabia dos efeitos causados por medicamentos que ele admite ter dado ao cantor de "Thriller".

Jackson sofreu uma parada cardíaca devido à ingestão excessiva do anestésico propofol e de outras substâncias. Os promotores dizem que Murray, médico particular do artista, foi negligente por administrar as drogas sem monitorar adequadamente seu paciente. A defesa diz que o médico é inocente, pois o próprio Jackson teria se administrado a dose letal quando Murray saiu do quarto.

Murray pode ser condenado a quatro anos de prisão.

No final da gravação mostrada na quarta-feira ao tribunal, Jackson para de falar, e Murray lhe pergunta: "Você está bem?". Então há outra pausa, e Jackson responde: "Estou dormindo".

Na época da gravação, Jackson ensaiava para uma série de 50 shows que pretendia realizar em Londres. "Elvis não fez isso, os Beatles não fizeram isso. Precisamos ser fenomenais", diz Jackson em um trecho. Ele então conta que pretendia usar os lucros das apresentações para financiar um hospital infantil.

"Vai ter um cinema, um salão de jogos", descreve ele. "As crianças ficam deprimidas. As... nesses hospitais, não tem salão de jogos, não tem cinema. Elas ficam doentes porque estão deprimidas. A cabeça delas fica deprimindo-as."

Jackson dizia também que sentia que Deus desejava que ele realizasse esse projeto.