Clima na França prenuncia um ano de vinhos bons ou excepcionais
Por Marcel Michelson
PARIS (Reuters) - Os turistas podem estar achando deplorável o tempo úmido na França neste verão, mas o lado bom de todos os dias nublados na praia pode, no final, ser um ano de bom a "excepcional" para o setor vinícola francês.
Muitos especialistas em vinho dizem que somente a volta das fortes chuvas, tempestades, granizo ou pragas na última parte da temporada de maturação do fruto vai interromper o que parece ser uma colheita prestes a se beneficiar do clima atípico deste ano.
Produtores de todo o país encontraram um novo alento depois de um início fraco na temporada de maturação, o que os fez temer o pior.
A França é o maior exportador mundial de vinho, em valor. O setor emprega 120 mil pessoas e gera 18 bilhões de euros (25 bilhões de dólares) em receitas.
Durante a primavera seca deste ano, as videiras procuraram água e suas raízes penetraram fundo no solo, momento em que o crescimento das uvas é menos prioritário.
Quando veio a chuva, numa época em que os turistas ansiavam pelas praias ensolaradas, a água irrigou as videiras e colocou a safra de volta nos trilhos.
Jérôme Despey, diretor do setor de vinhos do órgão France AgriMer, da área agrícola e de pesca, disse que a colheita deve começar de 10 a 30 dias mais cedo e será superior em volume à de 2010.
Ele declarou recentemente à rádio Europe 1 que a estimativa é de uma safra de 47,6 milhões de hectolitros, ou seja, mais do que os 45,3 milhões de hectolitros de 2010.
Olivier de Moor é um produtor de vinho em Courgis, onde nasceu em uma família com tradição no setor. Estudou na escola de enologia de Dijon e conheceu a mulher, Alice, quando ambos trabalhavam para a uma grande propriedade perto de Chablis, a região que dá nome a esse conhecido vinho branco da Borgonha.
Eles produzem vinhos desde 1989 -- Chablis, Bourgogne Chitry, Sauvignon Saint-Bris e o mais genérico Bourgogne Aligoté.
Produtor de vinho orgânico, De Moor, diz que o clima também o preocupou este ano.
Com raras exceções, pelo que ele se lembra, as colheitas sempre foram realizadas em outubro. "Assim que as videiras estão em plena floração, você sabe que a colheita será em 100 dias. Este ano isso aconteceu em 25 de maio, portanto, a colheita está prevista para fim de agosto e começo de setembro."
Isso coloca este ano em paridade com as safras precoces dos anos "míticos" de 1893, 1976, 2003 e 2007.
Na região de Bordeaux, Yves Hostens-Picant tem um vinhedo de 42 hectares, a 24 quilômetros de Saint-Emilion, e produz vinhos sob a denominação Sainte-Foy Bordeaux. Ele e a mulher, Nadine, adquiriram a propriedade no final de 1986, de uma família que a possuía havia quase um século, mas estava produzindo para uma cooperativa.
Eles agora produzem na propriedade tintos, brancos e rosés com os rótulos Château de Hostens-Picant (http://www.chateauhostens-picant.fr) e Château du Grangeneuve.
Lá, também, o medo inicial deu lugar a esperança.
"As poucas chuvas de julho, seguidas pelas chuvas de agosto, deram-nos renovada esperança de uma safra de tamanho razoável porque, antes disso, a falta de água prenunciava uma grave falta de sumo", afirmou Picant. "Se a segunda metade de agosto e setembro forem ensolaradas, podemos esperar não apenas um ano de boa qualidade, mas talvez até mesmo um ano excepcional."
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