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Exposição em NY explora como a memória reconstrói a realidade

29/07/2011 13h03

Por Ellen Freilich

NOVA YORK (Reuters Life!) - A artista e cineasta israelense Maya Zack emprega tecnologia 3D para recriar o apartamento de uma família judaica que vivia em Berlim nos anos 1930 em uma nova exposição que trata de como o passado é recordado.

"Living Room" (Sala de Estar), que ficará em exposição no Museu Judaico entre 31 de julho e 23 de outubro, combina imagens geradas por computador do apartamento de Manfred Normburg, judeu nascido na Alemanha, e as memórias dele do cotidiano na Berlim do pré-guerra, para estudar a intersecção entre memórias pessoais e eventos históricos.

"Todo meu trabalho nos últimos anos tem tratado da memória e da reconstrução da realidade através de processos diferentes", disse Zack à Reuters.

Usando quatro grandes imagens impressas em 3D, geradas por computador, Zack mostra cortes da sala de estar, da sala de jantar, da cozinha e outros espaços, abrangendo móveis, objetos domésticos, pratos e talheres, papel de parede e luminárias. As imagens em tamanho grande ganham profundidade e presença imediata com o uso de óculos 3D.

Maya Zack nasceu em Israel e vive e trabalha em Tel Aviv. Quando fez uma viagem à Eslováquia, para o lugar onde sua avó passou a infância, ela se chocou com a sensação de vazio e ausência que teve quando tentou imaginar a vida de sua avó dentro daquela casa. A experiência inspirou sua tentativa de reconstruir a realidade a partir de memórias emprestadas.

Nomburg, que fugiu de Berlim em 1938, ainda menino, e hoje vive em Israel, tinha recordações vívidas de sua vida no apartamento de Berlim, onde viveu com seus pais e seu irmão antes da guerra.

Enquanto olha as imagens, os visitantes ouvem uma gravação de histórias contadas por Nomburg. Seus relatos e recordações sobre objetos familiares acrescentam profundidade e ajudam a infundir vida aos ambientes e seu conteúdo.

Zack, cujo filme "Mother Economy" foi exibido no Museu Judaico em 2008, se interessa não apenas pelas coisas das quais Nomburg se recorda, mas também pelas brechas em sua memória. Imagens ou contornos espectrais representam essas perdas. Veem-se livros encostados a uma parede sem o apoio de uma prateleira embaixo.

Um aspecto da exposição que chama a atenção é a ausência de vida. Há uma xícara deitada de lado e uma cópia do jornal Jüdische Rundschau aberta no chão, como se a família tivesse acabado de sair às pressas. Os objetos revelam pressa e confusão.

O trabalho de Zack já foi exposto em mostras coletivas em Berlim, Munique, Milão e Nova York e em várias coleções de museus. Seus filmes foram exibidos em festivais de Los Angeles, Viena, Paris, Colônia, Budapeste, Haifa, Tel Aviv e Nova York.