Repudiado no Parlamento, Murdoch retira proposta por BSkyB
Por Kate Holton e Georgina Prodhan
LONDRES (Reuters) - Rupert Murdoch retirou sua proposta de aquisição da emissora britânica BSkyB nesta quarta-feira, diante da hostilidade de todos os partidos no Parlamento após alegações de atos criminosos generalizados em um de seus tablóides.
Com a iniciativa, o empresário se adiantou em algumas horas a uma votação planejada no Parlamento que contava com o apoio de todos os partidos para uma moção não compulsória que exortaria o magnata de mídia australiano a desistir de sua oferta de compra, que representava uma parte importante de sua expansão global na televisão.
"A News Corp. anuncia que não pretende mais fazer uma oferta por todo o capital acionário emitido e a ser emitido da BSkyB que já não pertence a ela", disse a empresa holing do império global de mídia.
A News Corp. é dona de 39 por cento da BSkyB, proprietária da Sky News e de vários canais de TV paga lucrativos.
"Ficou claro que está difícil demais avançar neste clima", disse o vice-presidente da empresa Chase Carey em comunicado, acrescentando que a News Corp. continuará a ser "uma acionista de longo prazo engajada".
O primeiro-ministro britânico, David Cameron, que vem enfrentando perguntas incômodas sobre suas próprias relações com Murdoch, saudou a notícia: "A empresa precisa se concentrar em limpar a sujeira espalhada e colocar a casa em ordem", disse ele através de um porta-voz.
O líder da oposição trabalhista, Ed Miliband, disse que foi uma vitória para aqueles que se opuseram à ampliação do poder de Murdoch.
UNIÃO NACIONAL
Mais cedo nesta quarta, Cameron disse ao Parlamento que Murdoch deveria desistir do negócio enquanto a polícia investiga alegações que o jornal News of the World teria grampeado mensagens de voz de milhares de pessoas, em busca de assuntos que rendessem notícias, e de que teria pago propinas a policiais em troca de informações.
O magnata da imprensa, que há décadas é temido e também cortejado por políticos britânicos de todos os partidos, fechou o tablóide dominical, que existiu por 168 anos, no domingo, em um esforço para frear o escândalo e garantir a compra da BSkyB. Mas não houve como frear a enxurrada de acusações, e a aquisição da emissora pareceu politicamente inviabilizada.
Manifestando um grau de união nacional raramente visto a não ser em tempos de guerra, todos os partidos britânicos se posicionaram a favor de uma moção parlamentar para exortar Murdoch a desistir da proposta de compra.
O comunicado de quatro frases, que ressalta o engajamento da News Corp. com a BSkyB, deixa aberta a porta para uma nova oferta de compra das ações dos outros acionistas em algum momento futuro. Mas é provável que o escândalo continue no centro das atenções por um bom tempo ainda, na medida em que a investigação policial continuará por meses e haverá um inquérito público.
Vários ex-funcionários do grupo britânico de jornais de Murdoch, o News International, foram presos este ano depois de a polícia ter reaberto as investigações que havia encerrado em 2007, após a condenação do correspondente do News of the World que cobria a família real.
Entre os ex-funcionários suspeitos de grampear telefones e subornar policiais estão o ex-editor chefe Andy Coulson, contratado por Cameron para ser seu porta-voz em 2007, depois de o escândalo dos grampos ter vindo à tona pela primeira vez.
Coulson deixou o gabinete do premiê em janeiro, e, como outros funcionários do News of the World, nega ter conhecimento de quais delitos que possam ter sido cometidos.
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