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Murdoch é pressionado a rever proposta de compra de emissora

11/07/2011 13h44

Por Kate Holton e Georgina Prodhan

LONDRES (Reuters) - A Grã-Bretanha estava procurando uma maneira de evitar aprovar a proposta multibilionária do magnata de mídia Rupert Murdoch para a compra da emissora BSkyB, em maio ao escândalo de grampeamento de telefones que prejudicou o primeiro-ministro e levantou dúvidas mais amplas quanto às relações de políticos com a mídia.

O vice-primeiro-ministro Nick Clegg, do Liberal Democrata, partido menor na coalizão governante, exortou Murdoch a reconsiderar sua proposta, depois das revelações de que um de seus jornais grampeou os telefones de vítimas de homicídio e familiares de mortos de guerra britânicos.

Novas alegações divulgadas na segunda-feira incluem relatos de que o jornal teria comprado de um policial informações de contato de membros da família real britânica e tentado comprar os registros telefônicos particulares de vítimas dos ataques de 11 de setembro de 2011 nos Estados Unidos.

"Faça a coisa decente e reconsidere sua proposta de compra da BSkyB", disse Clegg à BBC News, depois de um encontro com familiares de uma das vítimas do grampeamento telefônico, uma colegial assassinada.

O governo, que enfrenta um debate parlamentar turbulento na quarta-feira, pediu anteriormente ao Ofcom, organismo de regulamentação da mídia, e ao organismo de vigilância para os consumidores que reavaliasse a proposta à luz do escândalo, iniciativa que pode fornecer uma base para impedir a compra da emissora.

A nova solicitação feita à Ofcom, que já está avaliando se a News Corporation é detentora "apropriada" de uma licença de transmissão, e ao Escritório de Comércio Justo seguiu-se a um relato no jornal Independent segundo o qual advogados do governo estariam traçando planos para bloquear a aquisição da BSkyB.

As ações da BSkyB tiveram queda de mais de 7 por cento na manhã da segunda, depois de queda semelhante na sexta. As ações da News Corp caíram mais de 7 por cento em Nova York na semana passada.

"Acreditamos que a transação está praticamente inviabilizada", disse Alex DeGroote, analista da Panmure Gordon.

O diretor de participações acionárias no Reino Unido de um dos 30 maiores investidores na BSkyB disse à Reuters que a previsão é que a transação seja adiada. "Creio que a aquisição acontecerá em algum tempo, mas é pouco provável que isso aconteça antes do próximo ano", disse o investidor.

No domingo Murdoch viajou dos EUA a Londres para tentar conter os danos a seu império de mídia, que exerce influência de Hollywood a Hong Kong e inclui a rede de TV a cabo norte-americana Fox e o Wall Street Journal, além do jornal de maior venda na Grã-Bretanha, The Sun.

Murdoch não tem dado sinais de que pretenda desistir da compra da BSkyB, que seria a maior aquisição feita por sua empresa. Fontes próximas a sua empresa disseram que ele poderá analisar outras opções para efetuar a transação se achar que o governo vai obstruir ou adiá-la, mas não deram maiores detalhes.

Oito pessoas, em sua maioria jornalistas, foram detidas até agora na investigação policial sobre as alegações, entre elas a de que policiais podem ter sido pagos por informações e que um executivo da empresa pode ter destruído provas. O braço de mídia britânico da News Corp rejeita terminantemente as acusações de obstrução da Justiça.