Murdoch é pressionado a rever proposta de compra de emissora
Por Kate Holton e Georgina Prodhan
LONDRES (Reuters) - A Grã-Bretanha estava procurando uma maneira de evitar aprovar a proposta multibilionária do magnata de mídia Rupert Murdoch para a compra da emissora BSkyB, em maio ao escândalo de grampeamento de telefones que prejudicou o primeiro-ministro e levantou dúvidas mais amplas quanto às relações de políticos com a mídia.
O vice-primeiro-ministro Nick Clegg, do Liberal Democrata, partido menor na coalizão governante, exortou Murdoch a reconsiderar sua proposta, depois das revelações de que um de seus jornais grampeou os telefones de vítimas de homicídio e familiares de mortos de guerra britânicos.
Novas alegações divulgadas na segunda-feira incluem relatos de que o jornal teria comprado de um policial informações de contato de membros da família real britânica e tentado comprar os registros telefônicos particulares de vítimas dos ataques de 11 de setembro de 2011 nos Estados Unidos.
"Faça a coisa decente e reconsidere sua proposta de compra da BSkyB", disse Clegg à BBC News, depois de um encontro com familiares de uma das vítimas do grampeamento telefônico, uma colegial assassinada.
O governo, que enfrenta um debate parlamentar turbulento na quarta-feira, pediu anteriormente ao Ofcom, organismo de regulamentação da mídia, e ao organismo de vigilância para os consumidores que reavaliasse a proposta à luz do escândalo, iniciativa que pode fornecer uma base para impedir a compra da emissora.
A nova solicitação feita à Ofcom, que já está avaliando se a News Corporation é detentora "apropriada" de uma licença de transmissão, e ao Escritório de Comércio Justo seguiu-se a um relato no jornal Independent segundo o qual advogados do governo estariam traçando planos para bloquear a aquisição da BSkyB.
As ações da BSkyB tiveram queda de mais de 7 por cento na manhã da segunda, depois de queda semelhante na sexta. As ações da News Corp caíram mais de 7 por cento em Nova York na semana passada.
"Acreditamos que a transação está praticamente inviabilizada", disse Alex DeGroote, analista da Panmure Gordon.
O diretor de participações acionárias no Reino Unido de um dos 30 maiores investidores na BSkyB disse à Reuters que a previsão é que a transação seja adiada. "Creio que a aquisição acontecerá em algum tempo, mas é pouco provável que isso aconteça antes do próximo ano", disse o investidor.
No domingo Murdoch viajou dos EUA a Londres para tentar conter os danos a seu império de mídia, que exerce influência de Hollywood a Hong Kong e inclui a rede de TV a cabo norte-americana Fox e o Wall Street Journal, além do jornal de maior venda na Grã-Bretanha, The Sun.
Murdoch não tem dado sinais de que pretenda desistir da compra da BSkyB, que seria a maior aquisição feita por sua empresa. Fontes próximas a sua empresa disseram que ele poderá analisar outras opções para efetuar a transação se achar que o governo vai obstruir ou adiá-la, mas não deram maiores detalhes.
Oito pessoas, em sua maioria jornalistas, foram detidas até agora na investigação policial sobre as alegações, entre elas a de que policiais podem ter sido pagos por informações e que um executivo da empresa pode ter destruído provas. O braço de mídia britânico da News Corp rejeita terminantemente as acusações de obstrução da Justiça.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.