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Rap sobre drogas circula com força na Internet do México

28/06/2011 15h00

Por Lizbeth Díaz

TIJUANA, México (Reuters) - As autoridades do norte do México querem bloquear a difusão dos "narcocorridos", canções que glorificam a vida dos traficantes de drogas mexicanos, mas os jovens do país continuam se reunindo em torno dos computadores para ver vídeos dessas canções na Internet.

No popular site de vídeos online YouTube, o vídeo "Nomás por Ser Sinaloense", do cantor mexicano "El Komander" - -no qual um jovem de bigode e chapéu de caubói se vangloria de seus carros blindados e de seu dinheiro -- foi assistido mais de dois milhões de vezes.

Os "narcocorridos" usam o estilo de música "norteño", com fortes seções de metais e acordeões, e mostram seus protagonistas cercados de mulheres bonitas, usando carros caros e portando armas, enquanto se vangloriam do sucesso de suas aventuras criminais.

O Estado mexicano da Baja California, na fronteira com os EUA, está tentando bloquear a circulação dos "narcocorridos", pressionando emissoras de rádio, bares e lojas de discos a exercitar uma espécie de autocensura que chega à beira de uma proibição explícita.

Agora, políticos de outros Estados, como Chihuahua e Sinaloa, que representam as regiões de mais intenso tráfico de drogas no México, estão tentando imitar esse exemplo, alegando que esse gênero musical coloca lenha na fogueira da violenta guerra contra o tráfico de drogas.

"As canções são um mal", disse Héctor Murguía, prefeito de Ciudad Juárez, o município mais violento do México, no Estado de Chihuahua, também na fronteira com os EUA.

"Servem como caldo de cultivo para algo que não convém levar a nossos filhos e nossos jovens, cujas almas são envenenadas", ele disse à Reuters.

A violência do tráfico de drogas já causou 40 mil mortes no México desde que o presidente Felipe Calderón ordenou, no final de 2006, ação direta da polícia federal e das Forças Armadas contra os cartéis das drogas.

Mas proibir os "narcocorridos" pode torná-los mais atraentes para os jovens que desejem se rebelar.

"Não vi queda de vendas; pelo contrário. Cada vez mais gente escuta e quer cantar esse gênero", disse Ramiro González, vendedor de discos piratas em Tijuana.