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Britânico Eddie Izzard pensa em lançar carreira política

24/06/2011 19h02

Por Zorianna Kit

LOS ANGELES (Reuters) - Desde que se destacou nas fileiras dos comediantes britânicos, Eddie Izzard vem construindo uma carreira forte na televisão e em filmes de Hollywood. Seu especial cômico na HBO "Eddie Izzard: Dress to Kill" lhe valeu dois prêmios Emmy, e seus créditos no cinema incluem as duas sequências de "Onze Homens e Um Segredo".

Izzard, que tem 49 anos e é travesti, faz a voz de um dos personagens da animação "Carros 2", que estreia em cinemas do mundo todo no fim de semana. Ele conversou com a Reuters sobre seu papel no filme e seus planos para uma nova carreira -- na política.

Pergunta: Sir Axlerod (personagem de "Carros 2") é um ex-barão do petróleo que promove uma corrida para exibir seu novo combustível limpo. Você se identifica com ele?

Resposta: Meu pai trabalhou para uma empresa petrolífera, e eu gosto de negócios. Curto o varejo. Gosto de bons produtos e boas ideias, e foi por isso que me identifiquei com sir Miles Axlerod. Ele representa as empresas positivas, como Google e Apple, que tentam fazer algo diferente de maneira boa. Só que ele tem um viés interessante.

P- Você já teve sua própria série de TV, "The Riches", no canal a cabo FX, e no último ano apareceu no seriado "United States of Tara". Você tem outros planos na TV?

R- Estou desenvolvendo um drama político com a FX, vamos rodar um piloto. Há vários obstáculos a transpor antes de virar um seriado, mas sou um sujeito determinado. Sou um travesti que chegou até aqui.

P- Além do cinema, da TV e do humor, você tem outros planos profissionais de longo prazo?

R- O cinema é meu primeiro amor. Mas não vou voltar a fazer humor. E, daqui a nove anos, vou ingressar na política.

P- Um político travesti? Gay ou hetero?

R- Não sou gay. Não sou nem mesmo bissexual. Sou um travesti hetero, que gostaria de ser lésbica. Eu queria ser a atriz Carrie Ann Moss em "Matrix". Se eu fosse mulher, ia querer ser uma travesti de ação, uma garota ousada.

P- A que cargo o político lésbico travesti Eddie Izzard vai se candidatar?

R- Serei prefeito de Londres, deputado do Parlamento Europeu ou deputado britânico.

P- Por que a política?

R- Sou centrista radical. Apoio as pessoas que montam empresas e geram riqueza. Desconfio da direita e não gosto de fascistas. Eles não param de se manifestar, e travamos uma guerra para nos livrar deles. A política devia ser para o povo, para garantir uma rede de segurança e um plano de saúde para as pessoas.

P- Você já fez shows de humor em francês. Tem planos para trabalhar em outras línguas em países estrangeiros?

R- Vou fazer em alemão, russo e árabe. Línguas são uma questão de trabalho duro e repetição.

P- Por que em árabe?

R- Nasci num país árabe, então preciso voltar a minha cidade natal -- Aden, no Iêmen --, onde meus pais se conheceram, meu irmão nasceu, eu nasci. Acho que neste momento, com este mundo, é meu dever aprender as línguas de países que se sentem um pouco separados e enfrentam tempos difíceis.

P- Você se identifica com a cultura árabe?

R- Sim, muito. E quero me identificar mais, quero ficar imerso nela. Porque não acredito em Deus. Sou um ateu espiritual. Acredito em nós, nos humanos. Acho que Deus e o diabo travam uma luta no coração e mente de cada pessoa. O céu e o inferno estão na Terra, e todos nós conhecemos pessoas que os atravessaram ao longo dos anos.