Topo

Sarajevo anuncia abertura de museu após prisão de Mladic

30/05/2011 23h11

Por Daria Sito-Sucic

SARAJEVO (Reuters) - Autoridades de Sarajevo anunciaram na segunda-feira a abertura de um museu sobre o brutal cerco à cidade pelas forças servo-bósnias e disseram que a proximidade do julgamento do general Ratko Mladic torna o projeto ainda mais importante.

O museu será aberto no ano que vem, quando o início do cerco completará 20 anos, e os organizadores disseram que o anúncio, quatro dias depois da captura de Mladic na Sérvia após quase 16 anos fugindo das acusações de crimes de guerra, foi uma coincidência.

"Agora que Mladic está detido, vemos muitos esforços para reescrever a história, vemos como são importantes esses testemunhos", disse Suada Kapic, que começou a recolher documentos no início da guerra da Bósnia (1992-1995) e que é a força criativa do projeto.

Ela se referia às alegações de partidários e familiares de Mladic de que o cerco, que durou 43 meses e causou a morte de mais de 10 mil pessoas, foi uma operação militar legítima.

No início da década de 1990, a capital da Bósnia se converteu no símbolo de sofrimento de seus cidadãos, que permaneceram isolados por três anos e meio sob o bombardeio diário de artilharia pesada e de francoatiradores nas montanhas próximas, sem água, eletricidade, nem alimentos.

O terror foi planejado pelo líder de guerra servo-bósnio Radovan Karadzic e seu chefe militar Mladic, que era visto pela população de Sarajevo como um comandante implacável para quem os civis não tinham importância, a menos que fossem sérvios.

Em 1995, Mladic foi acusado pelo Tribunal Penal Internacional em Haia, na Holanda, de genocídio durante a guerra da Bósnia, incluindo o cerco a Sarajevo e o massacre de pouco mais de 8 mil homens e meninos muçulmanos em Srebrenica, no interior do país.

A extradição de Mladic pode acontecer nos próximos dias. Karadzic já está preso em Haia.

"Com a prisão de Mladic, parece que um capítulo foi fechado e se abre um novo e diferente, que é muito importante para as futuras gerações", disse o diretor do projeto do museu, Dino Mustafic.