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ESTREIA-Exageros estéticos atrapalham o nacional "Inversão"

26/05/2011 13h44

SÃO PAULO (Reuters) - O longa nacional "Inversão" é um filme que quer ser moderninho, mas acaba sendo modernoso. Desde seu slogan ("um filme baseado em fatos não reais") até seu visual de comercial, nada parece conspirar a seu favor.

No centro está uma história policial, que poderia funcionar melhor não fosse o exagero visual e sonoro que o diretor Edu Felistoque coloca nas imagens, na montagem e no som. Existe uma preocupação maior com a forma do que com o conteúdo.

A trama gira em torno de um sequestro, com duas histórias correndo em paralelo. Na primeira, um grupo (que inclui Rubens Caribé, Giselle Itié e Alexandre Barilari) sequestra um empresário (Tadeu di Pietro). Mas quando o avião no qual viajam cai numa floresta, o filme se transforma numa espécie de "Lost" tupiniquim.

A outra trama gira em torno de uma jovem delegada (Marisol Ribeiro) e dois policiais (Rodrigo Brassoloto e Wander Wildner) que investigam o sequestro. O maior empecilho é a inexperiência da moça, que vira motivo de chacota dos dois colegas. Essa é a parte do filme que remete a dezenas de seriados sobre investigação policial.

As tramas, como se percebe, não têm nada de mirabolante e poderiam funcionar direito se bem articuladas num filme sóbrio - o que não é o caso. Pouco se sabe sobre os personagens e o roteiro não se dá ao trabalho de criar qualquer empatia com qualquer personagem. É o retrato de um mundo cão em que cada um vive por si.

O tema, como remete o título, é a inversão de valores - ou um pensamento exagerado: os bandidos estão na rua e a classe média está acuada dentro de casa. Ou ainda os próprios ricos são obrigados a se tornar bandidos para sobreviver. Mas o golpe baixo mesmo vem com as referências ao ataque do PCC em São Paulo, em 2006.

O diretor é tão dado a invencionices visuais que todas as imagens do filme são invertidas, como se estivessem em frente a um espelho. Quem entrar na sala desavisado, vai se perguntar: Por que o volante do carro fica do lado direto? O filme se passa na Inglaterra? Não, isso é a materialização da tal inversão do título.

(Por Alysson Oliveira, do Cineweb)

* As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb