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Sean Penn representa roqueiro gótico e catatônico em Cannes

20/05/2011 13h44

Por Mike Collett-White

CANNES (Reuters) - Sean Penn representa um roqueiro gótico catatônico em "This Must Be the Place", uma história estranha que acompanha o popstar aposentado Cheyenne, de uma vida de luxo na Irlanda para uma caçada a um guarda de campo nazista da Segunda Guerra Mundial, nos Estados Unidos.

Dirigido pelo italiano Paolo Sorrentino, o filme integra a competição principal do Festival de Cannes, que voltou à normalidade na sexta-feira após a expulsão do cineasta dinamarquês Lars von Trier, que declarou em tom de brincadeira que simpatizava com Hitler.

No filme, Penn usa base branca pesada sobre o rosto, além de batom vermelho manchado e delineador preto nos olhos. Com a maquiagem e seu cabelo preto frisado, o personagem lembra os roqueiros Ozzy Osbourne e Robert Smith, este vocalista do The Cure.

Além do visual incomum, o personagem de Penn é marcado por um andar afetado e fala em voz aguda e afeminada, na qual lança frases curtas que exprimem sua desilusão com o mundo.

O clima de desesperança e inércia só é aliviado quando ele deixa sua vida doméstica tranquila em Dublin ao lado de sua mulher, representada por Frances McDormand, e parte em uma jornada para vingar-se do homem que humilhou seu pai, judeu, em um campo de concentração.

Indagado o que levou a aceitar o papel de Cheyenne, Penn respondeu: "Os filmes de Sorrentino têm um quê de esdrúxulo. Há uma apreensão do mundo que me parece certa, mas eu ainda não a tinha visto ser articulada como ele a articula."

A participação de Sean Penn no filme foi fruto de um encontro do ator com Sorrentino em Cannes três anos atrás, quando o ator duas vezes premiado com o Oscar presidiu o júri do festival e o filme "O Divo", de Sorrentino, recebeu o prêmio do júri.

"Sorrentino faz filmes acelerados sobre pessoas lentas e filmes engraçados sobre pessoas tristes. Ele possui um humanismo que faz com que seus filmes valham a pena ser vistos", disse Penn.

"Para mim, ele é um dos poucos mestres do cinema da atualidade. Quando você trabalha com ele, como ator, você também é apreciador. Ele tocava o piano e eu virava as páginas", acrescentou.