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Robin Williams estreia na Broadway como 'Tigre-de-Bengala'

30/03/2011 12h22

NOVA YORK (Reuters) - Robin Williams fez uma escolha arriscada, ou corajosa, em sua estreia na Broadway ao encarnar o fantasma de um tigre-de-bengala se esgueirando pelas ruas sangrentas de Bagdá e tentando extrair sentido dos humanos e da guerra.

"Bengal Tiger at the Baghdad Zoo" (O Tigre-de-Bengala e o Zoológico de Bagdá) estreia na quinta-feira e é arriscado porque, durante anos, a maioria das histórias com a guerra do Iraque como pano de fundo se mostrou impopular com o público norte-americano. Mas o ator e comediante acredita que o papel é uma escolha óbvia para ele e que a peça é um drama de valor que desafiará os frequentadores de teatro.

"As pessoas dizem 'por quê?' Porque é um texto extraordinário", disse ele à Reuters. "Eu li e pensei 'Vale a pena fazer isto'".

Quando a cortina se ergue, o tigre de Williams está ereto em uma jaula, fazendo piadas sobre o absurdo da vida antes de ser provocado por um soldado dos EUA. O tigre arranca a mão do homem com uma mordida e é morto a tiros.

"Morrer no cativeiro em um zoológico de Bagdá, que droga de vida", pondera ele diante dos risos da plateia.

Mas a peça, finalista do Prêmio Pulitzer no ano passado, em seguida se debruça sobre a brutalidade da guerra, e o fantasma do tigre toma as ruas da cidade devastada pelos combates com reflexões surpreendentes e acerbas sobre a natureza dos animais, da humanidade e da religião.

"O Tigre de Bengala" se passa nos primeiros dias da invasão norte-americana do Iraque em 2003, e personagens-chave como soldados dos EUA e um intérprete iraquiano são assombrados por atos que cometeram e a realidade hedionda do conflito armado.

Ao tentar explicar "O Tigre de Bengala", Williams, 59 anos, relembrou seu trabalho off-Broadway em "Esperando Godot", de Samuel Beckett, em 1988.

"Fala sobre a guerra, as consequências da guerra, fantasmas lidando com outras consequências, há tanta coisa, tem tantas camadas", disse ele. "Basicamente, faz 'Godot' parecer Amish, porque há tanta brutalidade ali... e uma estranha viagem espiritual também". (Christine Kearney. Reportagem adicional de Elly Park)