Salgueiro estoura tempo e fica distante de título
Por Maria Pia Palermo e Pedro Fonseca
RIO DE JANEIRO (Reuters) - A passagem do Salgueiro pela avenida terminou em drama. A escola, que desfilou a história do cinema no Rio, estourou o tempo em 10 minutos e viu as chances de um título acabarem, levando os integrantes às lágrimas.
A tradicional escola tijucana, campeã de 2009 com o enredo sobre o "Tambor", vinha cumprindo a grande expectativa em torno de seu desfile. Os 4.200 integrantes representaram o Rio de Janeiro como cenário do cinema, mas todo requinte da escola desabou diante do estouro do tempo limite de 82 minutos. Com isso, o Salgueiro perderá um ponto na disputa do título.
Inconformados, os integrantes deixavam a avenida sem saber ao certo o que tinha ocorrido. Choro e desespero tomaram conta da dispersão. Com a aglomeração de carros, os salgueirenses tentavam ajudar, inclusive quando uma alegoria teve um princípio de incêndio.
"Carnaval é uma coisa de maluco, as pessoas trabalham o ano inteiro para passar em 80 minutos. É muito triste perder um Carnaval assim. Quando você perde na abertura do envelope, às vezes até se sente prejudicado, mas perder assim é muito duro. Foi uma fatalidade", afirmou Marcelo Monteiro, diretor comercial da escola.
Segundo o diretor, houve um problema de acoplagem no último carro da escola, que trazia uma estátua do Oscar, o que "custou os 10 minutos que a gente pagou no final".
Vista antes dos desfiles como uma das principais concorrentes ao título de campeã, ao lado da atual vencedora Unidos da Tijuca e da Beija-Flor, a escola arrancou aplausos e empolgou o público com o samba-enredo "Salgueiro apresenta: o Rio no cinema" durante a maior passagem do desfile.
"TROPA DE ELITE"
A bateria fardada de negro representando os policiais do Bope, numa referência ao sucesso do cinema nacional "Tropa de Elite", arrancou aplausos ao executar uma coreografia, sob comando da rainha Viviane Araújo.
O carro abre-alas em forma de cinema, que mostrava na tela cenas capturadas ao vivo do próprio público no sambódromo, também atraiu a plateia.
O estouro do tempo começou a ser percebido pelos integrantes, que tentavam disfarçar a frustração. Para evitar buracos no desfile, algumas alas ficaram paradas na entrada da avenida, enquanto os carros alegóricos tinham dificuldade para ingressar na área de concentração.
"Dói. É o trabalho de um ano jogado fora por falhas que ninguém sabe de onde vieram, dói muito. Só Jesus", afirmou o coreógrafo que interpretou madame Satã, Carlos Borges, há 20 anos no Salgueiro.
Quando se esgotou o tempo limite, apenas quatro das oito alegorias da escola tinham cruzado a linha final do desfile. Mais 10 minutos foram necessários para a escola encerrar o desfile, o que representa uma punição de um ponto - um décimo para cada minuto de atraso.
Além do ponto perdido, que praticamente tira a escola da disputa pelo título, o Salgueiro pode perder pontos por ter corrido demais na parte final do desfile para tentar diminuir o atraso.
Apesar da perda do ponto, a escola não corre o risco de ser rebaixada já que, neste ano, nenhuma escola cairá ao Grupo de Acesso após mudanças no regulamento para o desfile deste ano devido ao incêndio na Cidade do Samba, em fevereiro, que atingiu três escolas.
(Com reportagem de Hugo Bachega)
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