Filme bósnio retrata vida dos sobreviventes de Srebrenica
Por Daria Sito-Sucic
SARAJEVO (Reuters) - "Belvedere", um novo filme do diretor bósnio Ahmed Imamovic, é o primeiro a abordar diretamente o legado do massacre de 1995 em Srebrenica, uma das piores atrocidades desde a Segunda Guerra Mundial.
O título do filme, que chega aos cinemas de Sarajevo no dia 2 de dezembro, faz referência a um campo de refugiados que foi construído para os que sobreviveram ao massacre, mas continuam procurando pessoas amadas que morreram.
"Esse filme não é sobre a guerra, mas sobre as consequências da guerra", disse Imamovic à Reuters em entrevista nesta semana. Ele venceu o prêmio de melhor curta-metragem por "Ten Minutes", no Festival de Cinema Europeu de 2002, no qual representa em dez minutos o cerco em Sarajevo.
"Eu acho que é ainda mais difícil e horrível assistir aos efeitos do terror do que o próprio ato do terror. É horrivelmente humilhante ver essas mulheres que não conseguem encontrar os ossos depois de 15 anos", disse Imamovic, que também escreveu o roteiro.
Belvedere conta a história das vidas solitárias dos parentes das vítimas que foram massacradas, na maioria mulheres, que passam seus dias perambulando entre covas coletivas e centros de identificação, esperando encontrar os restos mortais de seus filhos, irmãos, maridos e pais.
Forças sérvio-bósnias lideradas pelo general foragido Ratko Mladic, assassinaram cerca de 8 mil homens e meninos muçulmanos nos dias que se seguiram à tomada de Srebrenica, em 11 de julho de 1995. A cidade, localizada no leste da Bósnia, havia sido declarada uma zona de proteção das Naçõe Unidas.
Eles enterraram as vítimas em centenas de covas coletivas escondidas, na Bósnia, que ainda estão sendo investigadas por especialistas forenses. Os restos mortais são escavados e identificados por testes de DNA, comparando os extratos ósseos com o sangue de seus parentes.
O massacre foi classificado como genocídio pelo tribunal das Nações Unidas para crimes de guerra, em Haia.
"Infelizmente temos um passado sangrento, mas não devemos esquecê-lo", disse Imamovic. "Estarei muito feliz se o público, durante os 90 minutos do filme, sentir o desconforto, a náusea que essas mulheres vem sentindo durante os últimos 15 anos."
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