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Museu do Louvre pede ajuda do público para comprar obra do século 16

16/11/2010 15h49

PARIS (Reuters Life!) - O Museu do Louvre, em Paris, está fazendo uma campanha sem precedentes para que o público o ajude a arrecadar dinheiro para comprar uma pintura do século 16, considerada um tesouro nacional por especialistas de arte.

O Louvre já conseguiu 3 milhões de euros (4,19 milhões de dólares) para adquirir "As Três Graças", uma pintura a óleo do artista alemão Lucas Cranach, o Velho, mas ainda precisa de 1 milhão de euros para pagar o preço estabelecido pelos donos da obra.

O museu tem até o fim de janeiro para arrecadar o dinheiro, sem o qual teme que a obra-prima vá para outro colecionador particular e nunca mais seja exposta ao público ou -- pior -- seja retirada da França.

Pintada em 1531, a obra é um olhar irônico e provocador sobre o tema renascentista das três graças, retratando as mulheres nuas em poses levemente ousadas. O Louvre acredita que pode transformar o quadro numa das peças principais de sua coleção.

A figura central no quadro usa um chamativo chapéu vermelho; a mulher à esquerda dela inclina-se displicentemente sobre a vizinha, com uma perna dobrada. As três usam grossos colares.

"É uma obra divertida, desconcertante, misteriosa e muito sensual... acho que irá se tornar uma das obras mais populares do Louvre", disse Vincent Pomarede, curador-chefe do departamento de pinturas do Louvre, num vídeo do site da campanha de arrecadação de fundos do museu.

A decisão do museu financiado pelo Estado de apelar para a generosidade do público francês, porém, desagradou a algumas pessoas, dada à ampla desilusão decorrente dos escândalos recentes ligados ao financiamento de políticos e às acusações de sonegação de impostos pelos ricos.

"Sarkozy ou Bettencourt, da L'Oreal, deveriam comprá-lo e doá-lo ao Louvre, para que os milhões de visitantes possam pensar neles enquanto passam por ele", disse um leitor do diário Le Figaro num post online.

Ele se referia ao presidente Nicolas Sarkozy, cujo novo avião presidencial custou 84 milhões de euros, e à herdeira da L'Oreal e mulher mais rica da França, Liliane Bettencourt, atingida por escândalos de fraude. (Vicky Buffery)