Filmes, política ou livros? Qual o futuro de Schwarzenegger?

Por Jill Serjeant

LOS ANGELES - "I'll be back" -- "eu voltarei" -- é há mais de 25 anos o bordão de Arnold Schwarzenegger. Na semana que vem, quando os californianos forem às urnas, faltarão apenas dois meses para que o "governador" deixe o cargo e volte ao mercado de trabalho.

Schwarzenegger, de 63 anos, que antes de ser político fez carreira como ator em filmes de ação, tem evitado falar do seu futuro. Mas, com um currículo como o seu, ele tem o mundo a seus pés, segundo analistas políticos e de Hollywood.

"As pessoas ainda adoram Arnold. Ele pode escolher o que quiser. Ele não tem mais nada a provar, tem todo o dinheiro do mundo e um mundo de escolhas à sua disposição", afirmou Howard Bragman, veterano agente de Hollywood, à Reuters.

Na sua resposta mais detalhada até agora sobre o "e depois?", Schwarzenegger disse na semana passada num "Tweetcast" que pretende fazer palestras, escrever um ou dois livros (ele nunca lançou uma autobiografia) e continuar lutando pelo meio ambiente.

Quanto a fazer mais filmes, "depende ... de alguém aparecer com um grande roteiro, com uma grande ideia." "Será que ainda vou ter paciência de me sentar no set e fazer um filme durante três ou seis meses, todas essas coisas? Não sei", afirmou.

Mas, recentemente, Schwarzenegger contou que havia se reunido com o cineasta James Cameron e em breve faria um anúncio. Cameron (de "Avatar") dirigiu dois dos filmes da série "O Exterminador do Futuro", grande sucesso do musculoso ator nas telas.

O republicano vai chegando ao fim de sete anos no cargo com aprovação de apenas 22 por cento dos californianos, que se ressentem do enorme déficit estadual e do desemprego superior a 10 por cento. Mas o apelo global dele --tanto politicamente quanto como celebridade-- permanece praticamente intacto.

Por ter nascido na Áustria, ele não pode concorrer a presidente dos Estados Unidos, mas o analista Allan Hoffenblum acha possível que ele receba algum cargo no governo do presidente Barack Obama, talvez na área ambiental.

"Acho essa uma possibilidade muito viável. Especialmente se (o grupo político de) Obama for mal na eleição parlamentar de novembro, ele pode querer se aproximar de republicanos moderados", disse Hoffenblum.

Schwarzenegger também poderia tentar uma vaga no Senado, mas a eleição é só daqui a dois anos - isso se a democrata Dianne Feinstein, "dona" da vaga, decidir não concorrer.

Mas esse não é o único obstáculo para a ida de Schwarzenegger a Washington. "Não vejo Arnold Schwarzenegger tendo o temperamento que lhe permita se tornar um entre cem no plenário do Senado," afirmou a analista política Sherry Bebitch Jeffe.

"Não me surpreenderia se ele moldasse seu pós-governo no de Bill Clinton (ex-presidente dos EUA), e passasse para o cenário nacional ou internacional com sua própria fundação, focando em questões ambientais."

Como ator, ele não teria dificuldade em arrumar emprego. Schwarzenegger continua em boa forma, e retomar os papéis em filmes de ação seria "como andar de bicicleta", segundo uma fonte de Hollywood.

Produtores lembram que "Os Mercenários" -- em que ele aparece no papel de si mesmo, ao lado de Sylvester Stallone e Bruce Willis -- faturou mais de 250 milhões de dólares. "Se o papel certo aparecer, tenho certeza de que Arnold pode preenchê-lo. Ele é ímpar", disse o produtor Mike Medavoy.

Para Bragman, Schwarzenegger deveria brincar com a própria fama. "Ele não pode fingir que tem 35 anos. Ele tem de piscar para o conceito, brincar com sua artrite, algo assim."

O agente acha que uma série cômica de TV cairia bem. "Ele pode tirar sarro de si mesmo, interpretando um ex-governador, vagando pela casa sem nada para fazer, e enlouquecendo a mulher. Acho que seria hilário!"