Para Vargas Llosa, Venezuela e Cuba representam retrocesso
LIMA (Reuters) - O escritor peruano Mario Vargas Llosa, que ganhou o Prêmio Nobel de Literatura de 2010, disse na quinta-feira que a América Latina mostra avanços em suas democracias, com exceção de Cuba e Venezuela, que, de acordo com ele, representam um retrocesso na região.
Vargas Llosa receberá em dezembro o cobiçado prêmio, o primeiro desse tipo para um latino-americano nas últimas duas décadas.
"Sou um escritor, também sou um cidadão... tenho ideias, valores, mas também tenho ideias políticas e cívicas", declarou o escritor em entrevista à imprensa em Nova York, que foi retransmitida por canais de televisão em Lima.
O escritor afirmou que a América Latina vive um processo de fortalecimento de sua democracia, com governos de direita e de esquerda legalmente eleitos, que respeitam a liberdade e promovem políticas liberais no campo econômico.
Vargas Llosa elogiou "os governos de esquerda" no Brasil, Uruguai e Chile na época da então presidente socialista Michelle Bachelet; como também os de "direita democrática" de Colômbia, Peru e Chile do milionário Sebastián Piñera.
"Eu tenho sido um crítico de qualquer tipo de ditadura, de esquerda, de direita... tenho criticado e continuo criticando a ditadura cubana, da mesma forma como critiquei a ditadura chilena no tempo de (Augusto) Pinochet... eu defendo a democracia, defendo as reformas liberais", declarou.
O escritor alfinetou nesse sentido o governo comunista de Cuba, com quase 50 anos no poder, e o de Hugo Chávez na Venezuela, líder latino-americano com mais de uma década como presidente que tem influenciado no fortalecimento da esquerda em alguns países da região.
"Minha impressão é que essa corrente, que é uma corrente autoritária, antidemocrática, é uma corrente que está de saída, que cada vez tem menos apoio popular, como acabamos de ver nas eleições venezuelanas, que me deixaram bastante feliz", acrescentou o escritor.
Nas recentes eleições legislativas na Venezuela, ao final de setembro, a oposição voltou à cena política depois de muitos anos ao ganhar pelo menos um terço das cadeiras no Congresso, o que permitirá colocar um freio no avanço da "revolução socialista" de Chávez antes das eleições presidenciais de 2012.
Em entrevista à CNN, Vargas Llosa exortou Chávez e Raúl Castro -- que ficou no lugar de seu irmão Fidel -- a deixarem o poder porque, segundo o escritor, eles são um "enorme estorvo para o desenvolvimento de seus países".
(Reportagem de Marco Aquino)
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