Topo

Yoko Ono propõe sanar violência com exposição em Berlim

Yoko Ono junto à instalação "Um Buraco", parte da mostra "Das Gift" em Berlim (10/09/2010) - John MacDougall / AFP
Yoko Ono junto à instalação "Um Buraco", parte da mostra "Das Gift" em Berlim (10/09/2010) Imagem: John MacDougall / AFP

10/09/2010 17h15

BERLIM, 10 de setembro - A artista nipo-americana Yoko Ono, cujo marido John Lennon foi assassinado quase 30 anos atrás, abriu uma exposição antiviolência intitulada "Das Gift" em Berlim na sexta-feira.

"Minha instalação artística mais recente, 'Das Gift', pede sua participação para sanar o mundo da violência", disse ela na abertura.

"O mundo é repleto de violência, e todos vivemos com medo. Não gosto da ideia de varrer os problemas e os medos debaixo do tapete. Vamos encarar e resolver o problema juntos."

A instalação central numa galeria em Berlim é uma escultura intitulada "Um Buraco", um pedaço de vidro atravessado por um furo de bala.

Incentivando o visitante a enxergar a perspectiva da vítima e também a do atirador, a legenda diz: "Vá para o outro lado do vidro e olhe pelo buraco."

Outras instalações incluem uma floresta de elmos alemães antigos, cada um contendo pedaços de "céu" no formato de peças de um quebra-cabeças, uma coleção de paletós com buracos de bala que pertenceram a pessoas que levaram tiros, e uma gravação de aves gritando, que percorre a galeria inteira.

'Veneno do mundo'
Mas a exposição não foca apenas o sentido alemão da palavra "gift" (veneno), usada por Yoko Ono, de 77 anos, como metáfora da violência, mas também o significado em inglês (presente ou dádiva).

"Trata-se do veneno do mundo, que pode também ser uma 'dádiva' para nós", disse Ono. "Quando você expõe suas memórias de dor e violência e outras pessoas as veem, elas se tornam mais positivas."

Em função dessa mensagem, há uma sala na galeria onde as pessoas só podem sorrir -- diante de uma câmera. As fotos de visitantes sorridentes são projetadas numa parede, como parte do que Ono chama de "petição pela paz."

Os visitantes são encorajados a levar fotos ou cartas relacionados às suas próprias experiências de violência, para que elas também possam ser integradas à exposição.

Eles também podem tomar parte no processo de cura da violência, consertando rasgos e cortes numa lona grande ou varrendo uma sala na qual os cacos de um jarro espatifado se espalham pelo chão.

"Você não fica apenas olhando, mas se torna parte do trabalho", disse Ono.

(Por Michelle Martin)