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Roqueiro John Mellencamp compara Internet à bomba atômica

18/08/2010 10h25

LOS ANGELES (Reuters) - O roqueiro John Mellencamp disse na terça-feira que a Internet é a invenção mais perigosa desde a bomba atômica, mas que paradoxalmente a tecnologia pode adiar a inevitável decadência do rock.

Mas, antes disso, "algumas pessoas inteligentes, os sino-russos ou algo assim", podem já ter conquistado os EUA, ao hackearem suas redes elétricas e sistemas financeiros, alertou o músico durante um seminário no Museu Grammy.

Mellencamp, 58 anos, é conhecido por seu estilo "metralhadora giratória" e por seu desdém à indústria fonográfica. Ele vive em Indiana, seu Estado natal, e diz que nunca se adaptou em outro lugar.

Famoso por canções como "Hurts So Good", "Jack and Diane" e "Small Town", Melllencamp é também um ativista político, que se envolveu na campanha de Barack Obama e participa, junto com Willie Nelson, da organização de um festival anual em prol de pequenos agricultores, o Farm Aid.

As declarações dele sobre a Internet coincidem com o lançamento - nas lojas e também pela rede - do seu novo álbum, "No Better Than This". Embora tenha admitido a utilidade da Internet nas comunicações interpessoais, ele alertou para o seu potencial destrutivo.

"Acho a Internet a coisa mais perigosa já inventada desde a bomba atômica", disse ele. "Ela destruiu o negócio da música. Vai destruir o negócio do cinema."

Ele afirmou que a digitalização da música, em formatos como MP3, prejudica a qualidade do som. Comparando uma música dos Beatles em CD e num iPod, por exemplo, "você mal reconhece como sendo a mesma canção". "Você poderia dizer que são aqueles caras cantando, mas o calor e a qualidade do que o artista pretendia que ouvíssemos era vastamente diferente."

Mellencamp é pessimista também com o futuro do rock, que para ele será esquecido, como as big-bands das décadas de 1930 e 40. "Quanto ao rock'n'roll - por mais importante que achemos que ele é, e por maior que tenha sido, e por mais dinheiro que as pessoas tenham ganhado com ele, e por mais orgulho que eu tenha de dizer que fiz parte dele - afinal de contas, vão dizer: 'É, havia essa banda chamada Beatles, e os Rolling Stones, e esse cara chamado Bob Dylan...'."

"E o resto de nós?", prosseguiu. "Seremos apenas notas de rodapé. E acho que tudo bem. Fico feliz de ter passado a vida fazendo o que eu queria, tocando música, fazer algo da vida, mas esquecendo essa ideia de legado."