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Por que '13 Reasons Why' não vai deixar saudades

Cena da quarta temporada de "13 Reasons Why" - Divulgação/Netflix
Cena da quarta temporada de '13 Reasons Why' Imagem: Divulgação/Netflix

Beatriz Amendola

Do UOL, em São Paulo

06/06/2020 04h00

A Netflix liberou ontem a quarta -e última!— temporada de "13 Reasons Why". Mas se você não está lá muito animado para maratonar os dez episódios, não se sinta culpado: para muita gente, a série não vai deixar nem um pouco de saudades, e tem muitos motivos para isso.

Devia ter acabado antes

A primeira temporada da série funcionava, na verdade, como uma minissérie, com começo, meio e fim. Era a história de Hannah Baker e das 13 fitas que ela deixou após sua morte, e ela foi muito bem contada: era instigante, dramática e comovente (polêmicas à parte, já que vamos falar delas depois).

Já com as outras... Não foi exatamente assim, sendo BEM generosa. As temporadas seguintes se alongaram muito, se perderam em tramas paralelas e acabaram arrastadas, o que foi um desserviço para a série.

Polêmicas ofuscaram a história...

"13 Reasons" foi controversa desde o começo, por causa das cenas explícitas que mostravam o estupro e o suicídio de Hannah. O que era um fenômeno de público logo virou um debate sobre a responsabilidade (ou irresponsabilidade, no caso) de séries e filmes ao falarem de suicídio, o que não foi exatamente bom para a divulgação da produção.

Hannah (Katherine Langford) em cena de "13 Reasons Why", da Netflix - Divulgação/Netflix - Divulgação/Netflix
Imagem: Divulgação/Netflix

A Netflix foi duramente criticada por psicólogos e teve de colocar avisos de gatilho antes da série e de episódios específicos. A cena da morte de Hannah só foi retirada dois anos depois, em 2019.

Clay (Dylan Minette) e Hannah (Katherine Langford) em cena de "13 Reasons Why", da Netflix - Divulgação/Netflix - Divulgação/Netflix
Imagem: Divulgação/Netflix

...e não pararam

Depois da primeira temporada, a série do showrunner Brian Yorkey podia ter dado um tempo das polêmicas. Podia, mas não deu.

A segunda temporada trouxe outro estupro quase explícito, o de Tyler, e ainda quase transformou o garoto em um atirador escolar, uma abordagem também muito criticada por especialistas —o que, mais uma vez, acabou tomando mais destaque do que o resto da história. Não é exatamente o que você quer que as pessoas falem sobre a sua série, né?

Justin (Brandon Flynn), Clay (Dylan Minnette), Jess (Alisha Boe) e Tony (Christian Navarro) na quarta temporada de '13 Reasons Why' - David Moir/Netflix - David Moir/Netflix
Imagem: David Moir/Netflix

Que história, mesmo?

"13 Reasons Why" deu tantas voltas que acabou, em muitos momentos, se contradizendo e aproveitando mal muito de seus personagens, como Zach, que teve um papel bem ingrato na quarta temporada. E nem vamos falar de certas mortes...

E a gente sabe que série adolescente precisa ter drama, mas "13 Reasons Why" jogou tanta desgraça na cabeça dos estudantes da Liberty High que ficou difícil não só acreditar nelas como também aguentar assistir a todos os episódios. Ver a série virou uma verdadeira provação.

E a saúde mental?

Talvez este seja o maior problema da série: embora ela tenha uma ótima intenção e passe algumas boas mensagens, ela não deu a importância que deveria ter dado à questão da saúde mental, como se propôs.

Gary Sinise como Robert Elman em '13 Reasons Why' - Divulgação/Netflix - Divulgação/Netflix
Gary Sinise como Robert Elman, terapeuta de Clay
Imagem: Divulgação/Netflix

O primeiro terapeuta a aparecer de forma recorrente na série surgiu só na última temporada, apesar de todos os personagens do elenco principal estarem sempre enfrentando eventos traumáticos. A falta de acesso à saúde mental é uma questão séria que está ligada a aspectos sociais, culturais e econômicas, mas nem isso foi debatido na série. Foi uma oportunidade perdida.