10 filmes e séries para aprender e entender os protestos contra o racismo
Os últimos dias foram marcados por muitas manifestações e protestos após a morte de George Floyd, homem negro que foi sufocado após ser abordado por um policial branco em Minneapolis, nos Estados Unidos. A morte de Floyd se somou a outros assassinatos de pessoas negras cometidos pela polícia por lá (e por aqui) e provocou uma onda de indignação.
E este é, também, um bom momento para aprender mais sobre racismo e sobre as desigualdades que levaram aos protestos que estamos vendo. Por isso, escolhemos dez histórias, entre séries e filmes, que podem te ajudar a entender o que está acontecendo. O melhor? Estão todas disponíveis em streaming!
'Brooklyn 99', Netflix
A série de comédia sobre uma delegacia do Brooklyn dedicou um de seus melhores episódios, o 16º da quarta temporada, para falar sobre racismo e mostrar que nem mesmo ser policial impede um negro de ser alvo de racismo.
O caso acontece com o sargento Terry (Terry Crews). Durante sua folga, ele vai para a rua para procurar a "moo moo", um cobertorzinho de suas filhas. Assim que o encontra, bem perto de sua casa, Terry é abordado violentamente por um policial branco, que nem deixa ele explicar que também é policial e quase o prende, sem ele ter feito nada.
'Infiltrado na Klan', Telecine Play
O filme que deu o primeiro Oscar a Spike Lee conta a história real de um policial negro, Ron Stallworth (John David Washington), que nos anos 1970 se passa por um branco para conseguir informações sobre a Ku Klux Klan, ao lado de um colega judeu, Flip Zimmerman (Adam Driver).
A história escancara o racismo sofrido por Ron, o primeiro negro da polícia local, e faz um link bem direto com manifestações racistas que ocorreram nos Estados Unidos nos últimos anos. Dá muito o que pensar
'Olhos que Condenam', Netflix
A minissérie de Ava DuVernay remonta o caso real dos "Central Park Five", cinco adolescentes negros que foram acusados pelo espancamento e estupro de uma mulher branca em 1989. Todos tiveram suas vidas interrompidas e passaram de cinco a 12 anos atrás das grades, depois de serem coagidos pela polícia a confessarem o crime, mesmo não tendo nenhum tipo de evidência que os ligasse ao ocorrido.
Ao assistir a série, sentimos raiva e impotência ao acompanhar o trabalho da promotora branca Linda Fairstein, responsável por acusar e incriminar os rapazes, assim como o da advogada branca Elizabeth Lederer, culpada por colocá-los na prisão. Mas o problema vai muito além. "Elas são parte de um sistema que foi construído para ser assim. Construído para oprimir, para controlar. Para deixar uns acima e outros abaixo", explica a diretora Ava, em entrevista a Oprah Winfrey, no especial sobre a série, também na Netflix.
Em 2002, o último dos rapazes que permanecia preso, Korey, foi libertado após outro preso, Matias Reyes, assumir a autoria do crime. Só em 2014, a cidade de Nova York fechou um acordo com os cinco homens, oferecendo US$ 41 milhões ao grupo como indenização. Nenhum pedido de desculpa ou reconhecimento de conduta criminosa da polícia.
'Atlanta', Fox Premium
A série criada e protagonizada por Donald Glover conta a história de dois primos que sonham em fazer sucesso como rappers e, assim, conseguirem dar vidas melhores para suas famílias.
A história é um verdadeiro choque de realidade sobre a desigualdade social que afeta muito mais negros do que brancos.
Série: Atlanta Ano: (2016 - presente)
Posted by Um Filme Me Disse on Friday, May 11, 2018
'Homecoming', Netflix
Desde o lançamento de seu álbum "Lemonade" em 2016, Beyoncé deu uma guinada em sua carreira. Ela se debruçou sobre a causa negra em suas músicas e falou de violência policial em seus clipes e apresentações.
Apelidada de "Beychella", sua apresentação no festival Coachella, em 2018, reuniu toda essa celebração da cultura negra, apresentada no documentário "Homecoming". Nele, Beyoncé pontua a importância da representatividade e valoriza as narrativas negras que precisam ser passadas ao público.
Além de reconhecer o racismo e assistir a produções que retratam a dura realidade da sociedade que vivemos, também é importante conferir obras com artistas negros em destaque, levantando a bandeira do orgulho.
'Se a Rua Beale Falasse', HBO Go
Dirigido por Barry Jenkins (de "Moonlight") é baseado na obra de James Baldwin, publicada em 1974, em meio à perseguição do FBI aos líderes dos militantes do movimento negro, os Panteras Negras, nos EUA. O longa conta a história de um casal separado após a prisão de Fonny, um jovem negro, acusado injustamente de um crime por um policial racista.
Apesar de não assistirmos ao que Fonny enfrenta dentro da prisão, vemos como o ambiente opressivo vai o destruindo aos poucos e enfraquecendo sua família que o espera do lado de fora.
Tish, a noiva de Fonny, é quem narra a história que discute o encarceramento em massa de negros nos Estados Unidos e a injustiça que essas pessoas enfrentam em seu dia a dia.
'Watchmen', HBO Go
Tudo bem, "Watchmen" é uma ficção em que há lulas caindo do céu e homens azuis —mas, assim como os quadrinhos de Alan Moore, a série da HBO tem elementos bem reais. A produção vem fazendo um bom trabalho ao mostrar as tensões raciais nos Estados Unidos.
Primeiro, eles resgataram um acontecimento pouco conhecido: o massacre da "Wall Street negra", quando uma multidão de brancos invadiu e destruiu o distrito de Greenwood, um próspero bairro negro na cidade de Tulsa. A violência deixou centenas de mortos e milhares de desabrigados, mas foi tão pouco abordada que, depois da estreia da série, muita gente tuitou dizendo que não sabia do episódio.
"Watchmen" também trouxe um alerta importante em relação à tolerância a grupos de ódio como a Ku Klux Klan e a figuras como o senador Joe Keene, que queria se tornar superpoderoso porque, em suas palavras, "é extremamente difícil ser um homem branco hoje em dia". Spoiler: não é.
'Orange is the New Black', Netflix
Uma das séries mais conhecidas da Netflix, "Orange is the New Black" retrata a vida de mulheres atrás das grades. Desde sua primeira temporada, o seriado se propôs a mostrar mulheres diversas, com diferentes origens e etnias, e também com passados muito distintos entre si. Mas, na quarta temporada, a dramédia ganhou tons mais sombrios ao retratar o racismo dentro da prisão.
A personagem Poussey, uma das mais queridas pelo público, é assassinada por um dos guardas da penitenciária durante um protesto contra os maus tratos que elas recebiam na cadeia.
Imobilizada no chão, ela morre sufocada, com o joelho de um agente em seu pescoço, e gritando que não conseguia respirar. A morte da personagem foi uma referência ao caso real de Eric Garner, homem negro morto da mesma forma que ela em Nova York, em 2014. O recente caso de George Floyd reacende a discussão. Ele também foi assassinado pela polícia da mesma forma que Eric e Poussey e, em protesto a sua morte, as manifestações em prol da comunidade negra explodiram na última semana.
'A 13ª Emenda', Netflix
A Décima Terceira Emenda à Constituição dos Estados Unidos afirma que "não haverá, nos Estados Unidos ou em qualquer lugar sujeito à sua jurisdição, nem escravidão, nem trabalhos forçados, salvo como punição de um crime pelo qual o réu tenha sido devidamente condenado".
Ava DuVernay parte desse princípio para propor a discussão de seu documentário, "The 13th", lançado em 2016. A diretora sugere que a décima terceira emenda serviu como alternativa para manter os trabalhos braçais, mesmo depois da abolição da escravidão, promovendo o encarceramento em massa de negros nos EUA.
Contando um pouco da história dos Estados Unidos, Ava explica as relações entre o fim da escravidão e a constante prisão de pessoas negras. Seja por pequenos delitos, desde a guerra contra as drogas nos anos 1970, chegando até os dias atuais, nos quais os EUA detém 5% da população mundial e 25% do total de presos, sendo a maioria deles, negros.
'Cara Gente Branca', Netflix
Acompanhando um grupo de estudantes negros em uma faculdade americana, a série deixa várias boas lições sobre o racismo do dia a dia —o chamado racismo estrutural— e sobre colorismo —a forma como o tom da pele, se mais claro ou mais escuro, influencia no preconceito ao qual uma pessoa está submetida.
Mas a principal lição da série é que os negros não são todos iguais. Cada um tem suas próprias experiências, sua própria personalidade, e todas essas vozes merecem ser ouvidas.
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