'Space Force' não é 'The Office no espaço', mas vai te divertir
Não tinha como as expectativas serem baixas. Sete anos depois do fim de "The Office", o ator Steve Carell e o roteirista e produtor Greg Daniels se juntaram de novo para a comédia "Space Force", que estreia hoje na Netflix. Mas pode ficar tranquilo: pelos seis episódios a que o UOL já assistiu, a série não tenta ser um "The Office no espaço" (ainda bem!) e vai te divertir bastante.
A história
Pode ter passado batido, mas em 2018 o presidente norte-americano Donald Trump anunciou a criação de um novo braço das Forças Armadas dos Estados Unidos: a Força Espacial (sim, aquela cujo logo foi acusado de plagiar o de "Star Trek").
Foi um prato cheio para Carell e Daniels, que usaram a nova Força Espacial para fazer uma sátira leve da política americana e do que seria o dia a dia de uma grande instituição militar que precisa funcionar e dar resultados —o presidente da ficção, que não tem nome, quer porque quer que os militares ocupem a lua até 2024.
O protagonista
Quem comanda a missão é o general Mark Naird (Carell). Veterano de carreira, ele esperava ganhar a Força Aérea em sua promoção, mas acabou vendo seus planos irem por água abaixo ao ser "presenteado" com a Força Espacial. E ele tem muito a resolver: Naird não só precisa agradar ao presidente, prestar contas a congressistas e resolver tensões político-militares, como ainda tem questões familiares em casa: a filha adolescente Erin (Diana Silvers) não está se dando bem na nova escola, e sua mulher, Maggie (Lisa Kudrow) não está, hum, por perto.
Primeiro, temos que admitir: em alguns momentos, Naird acaba tendo ideias que parecem ter saído direto da mesa de Michael Scott na Dunder Mifflin —como a sugestão de resolver um problema científico complexo com uma bomba (que, obviamente, não é uma solução adequada). Mas estas cenas são poucas, e Carell cria um personagem bem diferente, que transita entre o absurdo, o heroico e o dramático com facilidade (e que faz rir por outros recursos que não a vergonha alheia).
O elenco
O resto do elenco —provavelmente um dos mais estrelados que você vai ver em uma série este ano— também se mostra à altura, entregando personagens carismáticos que seguram as pontas mesmo quando a história tropeça (vamos falar disso depois).
Ben Schwartz, Lisa Kudrow e Jimmy O. Yang estão ótimos, mas o grande destaque é John Malkovich como o cientista-chefe Adrian Mallory. Com sua fala pausada e seus argumentos calmos, Mallory é o grande contraponto às atitudes impulsivas de Mark Naird, e a relação dos dois é, de longe, a melhor e mais divertida da série.
Sátira leve (até demais) e cara
Tudo isso não isenta "Space Force" de alguns problemas: a história progride de forma irregular e, às vezes, a série parece não decidir qual caminho seguir, se o da comédia escrachada ou o da comédia dramática. Seu maior defeito é não abraçar inteiramente a sátira política a qual ela se propõe, limitando-se a fazer algumas menções aqui e ali a um presidente que gosta muito de tuitar e a uma proximidade, hum, estranha com os russos.
O que não significa que "Space Force" não vá te divertir. A série garante boas risadas, algumas reflexões e tem, de bônus, um visual grandioso que deixa bem claro que nenhum gasto foi poupado na direção de arte e nos efeitos especiais. Assim que gostamos, né?
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