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'A gente precisa tirar a depressão do armário', diz Felipe Neto

Do UOL, em São Paulo

18/05/2020 23h58

Diagnosticado com depressão em 2010, o empresário e influenciador Felipe Neto afirmou, em entrevista ao programa Roda Viva de hoje, na TV Cultura, que fala abertamente sobre o assunto por enxergar a doença como "o mal do século". Atualmente medicado e fazendo terapia para lidar com a saúde mental, ele disse estar atento aos impactos da depressão em diversas pessoas ao redor do mundo.

"A gente precisa tirar a depressão do armário. É uma coisa que repito em vídeos e falo, principalmente para o público mais jovem, a depressão é o mal do século, ela vai se tornar, ao que tudo indica, não sou nenhum médico, a doença que mais causa mortes no planeta terra, e sim, essa causa é o suicídio. Infelizmente a gente tem números crescentes, alarmantes de suicídio não só no Brasil, mas no mundo inteiro, e o pior, de suicídio entre jovens", declarou o youtuber.

A quantidade de suicídios, segundo Felipe, o levou a perceber que poderia "falar com essas pessoas e falar para elas".

"Muitas vezes o grande problema da depressão é porque as pessoas não falam, elas sentem vergonha da depressão. A gente precisa tirar a depressão do armário, a gente precisa fazer as pessoas pararem de ter medo de falar: 'eu me sinto depressivo, eu preciso de ajuda'. Porque, se você não pede ajuda, se você não pede a mão de alguém, você tende a caminhar para o lado mais trágico dessa doença. É uma doença mental, é uma doença. Quanto menos se fala sobre uma doença, mas trágica ela pode se tornar", acrescentou.

O empresário fez um comparativo com outras doenças para afirmar que é necessário anunciar sobre a depressão para buscar um tratamento: "Você não cura hepatite simplesmente ficando calado. Nem a pneumonia, nem nenhuma outra doença. Você precisa falar".

O papel das redes sociais

Ainda, o influenciador afirmou que nas redes sociais a exposição é alta e que ele está sujeito a todos os tipos de cíticas e ofensas. No entanto, disse, o discurso não pode ser minimizado se for algo sério.

"Vai ter pessoas xingando (na internet) sua décima quinta geração e pessoas te amando até a décima quinta geração. Criou-se uma bolha de dizer: 'Nós precisamos preservar os sentimentos das pessoas'. Há muita verdade nisso, é obvio que precisamos, mas não podemos utilizar isso como desculpa para: 'Precisamos ficar calados quando alguém comete um erro'", declarou ele.

O youtuber disse as muitas críticas que recebeu ao longo dos anos o possibilitaram a mudar o rumo de seus posicionamentos.

"Na minha opinião eu acho que a gente precisa continuar apontando erros porque eu não teria evoluído, eu não teria crescido, e estou num processo de, não estou dizendo que sou amadurecido nem crescido, mas não estaria em meu processo se não tivesse ouvido muito do que ouvi. Então, por mais duro que tenha sido, por pior que tenha sido para minha saúde mental, se ninguém tivesse me falado nada, talvez eu estivesse cometendo meus erros até hoje."

BBB como exemplo

Felipe usou a última edição do Big Brother Brasil, o BBB 20, como exemplo de fiscalização das ações das pessoas e as diferentes formas que críticas às atitudes podem tomar.

"O BBB, por incrível que pareça. O BBB 20 serviu para a gente ver muito disso na prática. O quanto as pessoas começam a classificar qualquer critica de comportamento no você não pode falar isso porque vai ter consequências na vida da pessoa. A gente precisa entender até onde vai essa crítica, até onde vai a consequência desse erro, esse é um diálogo que precisa ser feito", observou ele.

Ele mencionou, inclusive, a "cultura do cancelamento" como algo a ser revisto nas redes sociais — inclusive fazendo nova autocrítica a respeito do assunto: "Dentro do BBB cometi erros em momentos de entusiasmos, na hora que a Gizelly foi eliminada eu gritei que o bem venceu o mal. Que bobagem de ser dita, que coisa estúpida de ser dita".

Apesar dos elogios e menções ao reality, ele declarou que não tem vontade de participar do confinamento televisivo.

"Neguei 'A Fazenda' enão tenho como participar de um BBB em vários sentidos. Até tuitei que esse BBB20 foi tão interessante, eu não assistia há muitos anos, acho que desde a edição 4 ou 5. Achei tão legal assistir que disse que senti até vontade de estar lá. Mas isso era uma situação utópica, não tem a mínima condição, até porque eu teria que parar meu trabalho durante três meses. A quantidade de dinheiro que teria investir para participar do BBB... não tem qualquer lógica que justifique."