Camila Pitanga se revolta com votação de MP na pandemia: 'Oportunismo'

Camila Pitanga criticou duramente a medida provisória sobre a regularização fundiária, também chamada pelos ambientalistas de "MP da grilagem". A atriz se posicionou sobre o assunto em coletiva de imprensa sobre a série "Aruanas" ao lado do ator Luiz Carlos Costa.

"É inadmissível. No meio de uma pandemia querer dar essa canetada, colocar uma lei que premia grileiro. Grilagem de terra é roubo de terra. Você vai formalizar isso como uma prática? É inaceitável, oportunismo. Aruanas ajuda a abrir o olhar para não ficar anestesiado e deixar isso passar", disse Camila.

Relacionadas

Camila Pitanga critica Bolsonaro de jet ski na pandemia: 'Genocida'

Leandra Leal: 'Estamos vivendo uma criminalização do ativismo'

Ator que faz vilão em 'Aruanas' afirma: 'Desmatamento cresce como nunca'

É um governo com uma política de extermínio, mas temos uma sociedade com sua voz que pode falar, seja nas redes sociais. Essa MP não pode passar. Da mesma forma como defendemos nossa vida não podemos deixar a Amazônia ser desmatada. Não há nada que justifique

Apelidada de "MP da grilagem", ela permite a obtenção de título sem vistoria prévia em áreas de até 1.400 hectares em alguns municípios da Amazônia e autoriza invasores que entraram em terras até dezembro de 2018 a se tornarem proprietários.

Pandemia: "Fomos obrigados a desacelerar"

Em "Aruanas", Camila Pitanga interpreta a vilã Olga, uma advogada que luta contra a preservação ambiental da Amazônia em nome de um projeto de poder. Para a atriz, a mensagem da série no atual momento de pandemia deve servir de inspiração para a reconstrução de um novo mundo.

"Fomos obrigados a desacelerar e a viver com mais simplicidade. Esse movimento de isolamento precisa ser para a gente repensar quem são nossas referências. O que queremos construir individualmente e coletivamente? Temos que chamar junto outras pessoas com outras realidades", incentivou.

Crítica a Bolsonaro

Camila Pitanga está indignada com a postura do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) durante a pandemia pelo covid-19. Ela e o ator Luiz Carlos Vasconcelos fizeram críticas ao presidente pelo comportamento dele enquanto o número de vítimas pelo novo coronavírus no Brasil aumenta.

"Alguém que está mais atento ao seu projeto de poder do que à vida de todos os brasileiros. É de uma insensibilidade atroz. Não pode andar de jest ski com o anúncio de 10 mil mortes [pela pandemia do novo coronavírus]. É a personificação de uma postura fascista, genocida. É lamentável, contra a vida, a personificação do mal", criticou a atriz. "É o suprassumo da miopia, da falta de empatia", definiu a atriz.

O intérprete do vilão Miguel também criticou duramente o presidente da República, que não vê necessidade do isolamento social para conter o surto de coronavírus e assim comprometer o sistema de saúde.

"A impressão que eu tenho é que o projeto [do Bolsonaro] está acontecendo. O genocídio está se dando, os pobres estão morrendo", afirmou ele.

Há cinco dias, quando o Brasil ultrapassou a marca de 10 mil mortos em decorrência do covid-19, Bolsonaro apareceu em imagens de jet ski no lago Paranoá, nas margens do Palácio da Alvorada, em Brasília. Anteriormente, ele avisou que o plano de fazer um churrasco era "fake". Segundo a Folha de S.Paulo, o presidente, na verdade, desistiu de levar o plano adiante, no dia em que o país ultrapassou 10 mil mortes.