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Rir é o melhor remédio? Humoristas falam sobre o humor em tempo de pandemia

Fábio Porchat, Júlia Rabello, Antonio Tabet e Thiago Ventura: humoristas falam sobre o humor em tempos de pandemia - Montagem UOL
Fábio Porchat, Júlia Rabello, Antonio Tabet e Thiago Ventura: humoristas falam sobre o humor em tempos de pandemia Imagem: Montagem UOL

Beatriz Amendola

Do UOL, em São Paulo

12/04/2020 04h00Atualizada em 12/04/2020 15h44

Em tempos de quarentena, o noticiário pode ser sufocante: o número de mortes atribuídas à Covid-19 cresce, há atritos em Brasília e, pelo jeito, nem tigres estão livres do novo coronavírus. Mas o humor é sempre um bom antídoto contra as notícias ruins nesses tempos.

Neste domingo, em que se comemora o dia do humorista, o UOL conversou com alguns comediantes para saber como eles têm enfrentado a pandemia —e como fica o humor com isso tudo.

Sim, o riso é um bom remédio

O ditado tem seu fundo de verdade. Para todos os humoristas ouvidos pela reportagem, o humor ajuda a descontrair em um momento tão complicado.

As pessoas querem aliviar porque é uma situação muito pesada, uma guerra contra uma coisa invisível. Você sente sua vulnerabilidade, então as pessoas querem rir. Essa incerteza causa muita angústia, e o humor é uma ferramenta muito boa para aliviar a angústia.

Júlia Rabello

O humor não pode ser alienante por completo, mas tem que te fazer esquecer um pouco dos problemas, se não a gente enlouquece. Se a gente ficar preocupado o tempo inteiro, e é isso que está acontecendo, a gente fica com a cabeça muito pesada.

Fábio Porchat

É quase uma anestesia. Terapêutico até. Recebo retorno incrível das pessoas que assistem aos vídeos do Porta dos Fundos ou nas lives no Instagram. Gente que diz que só consegue relaxar e dormir depois de nos assistir e rir um pouquinho.

Antonio Tabet

A comédia vem salvando mais gente do que a cura da malária nos casos do coronavírus.

Thiago Ventura

Vale rir de tudo?

Sim, vale fazer piada com tudo nesse momento. "Tem que rir da situação", diz Thaigo. "Do presidente principalmente, que mais tem produzido dúvida e ódio. A comédia tem a função de alívio e desabafo nesse momento, então tratar pelo lado cômico é um antibiótico recomendado enquanto a cura não chega."

"Vale rir de tudo, das restrições, da quarentena, da ignorância de quem não acredita", completa Porchat.

Para Tabet, rir das nossas próprias mazelas ajuda a lidar com o peso na vida real. "Ajuda a encará-las com mais espírito esportivo. Tirar sarro do nosso fardo faz com que ele fique menos feio. É o segredo da irreverência."

E os trabalhos, como ficam?

Com gravações em estúdio e shows de stand-up suspensos, os quatro comediantes encontraram nas lives uma forma de continuar divertindo o público.

Julia, por exemplo, começou a fazer lives do "Fale Conosco", programa que apresenta no canal GNT, e viu aumentar os pedidos para que ela faça lives também em seu perfil no Instagram. "Está tudo diferente. As pessoas estão com saudades da vida interior. E estar fisicamente isolado faz com que a gente se comunique. Acredito que esse excesso de live seja reflexo das pessoas querendo se comunicar e se ajudar", diz a atriz, que têm aproveitado o tempo livre também para estudar.

Já Porchat, Thiago e Tabet abraçaram as lives em seus perfis pessoais, e elas têm rendido até surpresas. "Esses dias a Xuxa entrou no meio da minha live", conta Thiago. "Meu c* caiu da bunda. Ela foi superdivertida e amável."

Eles também têm aproveitado o tempo para escrever e criar —já que isso não depende, necessariamente, de outras pessoas. "Tenho tido mais tempo para criar porque estou menos tempo no trânsito", diz Tabet. "O problema é o tema. Hoje em dia, só falamos de três pragas: coronavírus, Bolsonaro e 'BBB'."