Quibi: Mais um serviço de streaming de filmes e séries chegou; vale a pena?
O Quibi chegou, nesta segunda-feira, de surpresa no Brasil. Sem muito alarde, sem propagandas nem muita informação —bem diferente de como vinha sendo tratado nos Estados Unidos, bombardeando a TV com comerciais. Para quem ainda está por fora, em resumo: é mais um serviço de streaming de filmes e séries, que estreou na loja de aplicativos do seu celular.
Sim, o Quibi é como uma Netflix só que exclusivo para o seu celular. São vídeos curtos, de até dez minutos. Daí o nome: Quibi é uma abreviatura de "quick bites", algo como "beliscadas" em tradução livre. É para entretenimento rápido, para ocupar um espaço entre YouTube e TikTok, bem diferente daquilo que se tornou tão convencional na nossa vida: maratonar uma série.
Vídeos curtos, no entanto, não quer dizer menos cuidado. O orçamento é alto: US$ 1,75 bilhão em investimentos de empresas como Sony Pictures, Disney e Warner Bros. Seus idealizadores são Jeffrey Katzenberg, ex-presidente da Disney e cofundador da Dreamworks, e Meg Whitman, executiva que já comandou o site de leilões eBay.
Mas o que chama atenção mesmo são os nomes que já assinaram contrato para produzir títulos para a plataforma. Steven Spielberg vai lançar a série de terror After Dark, que só poderá ser assistida à noite. Jennifer Lopez, LeBron James, Liam Hemsworth, Reese Witherspoon e Sophie Turner são algumas das estrelas das produções que já estão no ar no Quibi.
E vale a pena assinar mais um serviço?
É preciso fazer as suas contas. No Brasil, a assinatura é R$ 32,90 (para efeito de comparação, nos Estados Unidos o valor é de US$ 5 com anúncios e US$ 8, sem comerciais). A boa notícia é que o serviço oferece três meses de acesso gratuito, um período considerável para fazer um teste e ver se você realmente se adapta a esse novo hábito.
Você pode assistir aos vídeos tanto na vertical quanto na horizontal porque são adaptáveis à sua tela. Você também pode adicionar as séries ou filmes em sua lista pessoal, baixar para assistir offline e encontrar fichas de informações sobre o elenco e a produção. A má notícia é que, por enquanto, não há legendas em português nem dublagem, o que pode atrapalhar a popularidade do serviço no Brasil. As legendas só estão disponíveis em inglês e em espanhol.
Mas e os filmes e as séries?
O catálogo já é gigante: são cerca de 50 produções no ar, e a intenção é lançar até 175 títulos em seu primeiro ano. Há opções bem interessantes, de filmes originais a reality shows e documentários, mas nada tão diferente do que já encontramos em outros serviços. Novos episódios sairão todos os dias, e novos programas vão estrear às segundas-feiras.
A proposta de episódios curtos é interessante, mas a experiência acaba sendo a mesma de sempre. Grande parte da programação foi liberada já com três capítulos no ar. Assisti às três partes de "Survive", série dramática com Sophie Turner e Corey Hawkins, cada uma com cerca de 10 minutos. No fim, eu havia assistido um episódio completo de uma série normal, mas numa tela bem menor do que a minha televisão, o que me pareceu um desperdício.
O Quibi parece funcionar melhor com produções não seriadas, por exemplo "Chrissy's Court", um tribunal no qual a modelo e atriz Chrissy Teigen é uma juíza mediando disputas irrelevantes. Há o renascimento do "Punk'd", um clássico de pegadinhas da MTV dos meados dos anos 2000, agora estrelado por Chance the Rapper. "Sexology with Shan Boodram" é basicamente uma conversa rápida com millenials sobre conselhos sexuais.
Lembrando mais uma vez, o Quibi é um serviço só para o seu celular. E só mesmo: não há opção de retransmitir para seu computador ou televisão, como permitem outros aplicativos de streaming. E, por isso mesmo, acaba se tornando uma experiência muito solitária.
É um produto feito principalmente para caber naqueles momentos de passagem do seu dia: aguardando em uma fila, numa viagem de ônibus entre sua casa e o trabalho, enquanto espera alguém ou faz aquela pausa no dia para fumar ao ar livre. O problema é que estes momentos estão suspensos pela pandemia do coronavírus, que colocou todo mundo para dentro de casa. O Quibi chegou num momento em que ficou difícil de achar seu lugar.
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