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Estranho foi perder paladar e olfato, diz Jorge Drexler, curado da Covid-19

O cantor uruguaio foi pioneiro nos shows no Instagram durante a pandemia - Manuela Scarpa/Brazil News
O cantor uruguaio foi pioneiro nos shows no Instagram durante a pandemia Imagem: Manuela Scarpa/Brazil News

Do UOL, em São Paulo

05/04/2020 13h59

Em entrevista ao jornal O Globo, o cantor uruguaio Jorge Drexler conta sobre sua experiência com a covid-19, doença causada pelo novo coronavírus.

"O corpo todo dói muito, é uma tosse esquisita. Senti a fragilidade humana no meu corpo. O mais estranho foi perder olfato e paladar", lembra o músico. "Também senti um peso no peito e tive muito medo, um medo que eu não experimentava há muito tempo. Mas essa não deve ser nossa força motriz."

Drexler, que também é médico otorrinolaringologista, adiciona então um alerta para pessoas que possam passar pelo mesmo: "O medo é um mau conselheiro, porque parte da população que deveria se cuidar em casa satura as emergências públicas."

Antes mesmo de contrair o vírus, ele foi um dos primeiros artistas a cancelar sua agenda de shows e se dedicar à conscientização do público com apresentações transmitidas no Instagram. Jorge atribui a atitude à história de seu pai, judeu que fugiu da Alemanha nazista.

"Meu pai me transmitiu essa sensação de fragilidade, de que tudo pode mudar a qualquer momento. O fato de ele ter fugido de uma guerra me fez pensar sempre no pior cenário."

Drexler chegou a compor uma canção sobre a pandemia, chamada "Codo con codo" (lado a lado). A letra diz: "Os abraços retornarão/ Beijos, dados com calma/ Se você conhece um amigo/ Cumprimente-o com a alma".

Ele também aproveitou a oportunidade para criticar a atitude "irresponsável e gravíssima" do presidente Jair Bolsonaro diante da crise:

"É difícil para os trabalhadores sem contrato, mas isolamento é fundamental. Todo mundo entendeu, menos presidentes que não acreditam na ciência, são movidos a superstições. A medida é impopular, mas a alternativa é o castigo do vírus nas parcelas mais prejudicadas da população."