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Redação do UOL indica o que ver, ouvir e ler com calma durante a quarentena

Coronavírus? Fique em casa e aproveite nossas ótimas dicas - Volanthevist/Getty Images
Coronavírus? Fique em casa e aproveite nossas ótimas dicas Imagem: Volanthevist/Getty Images

Liv Brandão, do UOL, em São Paulo

26/03/2020 04h00

Se os brasileiros seguirmos as recomendações da OMS (Organização Mundial de Saúde), passaremos mais um fim de semana enclausurados em nossas casas, para evitar que a pandemia de coronavírus se alastre ainda mais. Pensando na falta de cinema, shows, eventos, parques, bares ou mesmo de amigos para tomar uma ao vivo etc etc etc, a redação de Entretenimento do UOL elencou dicas do que ver, ouvir e ler durante a quarentena. Mas não é qualquer coisinha, não. Para ocupar bastante do tempo livre, elegemos obras culturais que precisam justamente de... tempo. Trilogias, séries de livros, discografias inteiras para aproveitar enquanto você está proibido de ter vida social? Temos, sim.

'Amiga Genial' (a série e os livros)

Por Lígia Nogueira, editora interina

A escritora italiana Elena Ferrante se tornou uma celebridade desde que lançou "A Amiga Genial", primeiro livro da chamada tetralogia napolitana, em 2011. A trama acompanha a amizade da autodidata e anárquica Lila e da dedicada estudante Lenu desde a infância até a velhice e não poupa o leitor de detalhes bem narrados a respeito do universo feminino e tudo o que o cerca —como o machismo, por exemplo. Também fazem parte da série "História do Novo Sobrenome" (2012), "História de Quem Vai e de Quem Fica" (2013) e "História da Menina Perdida" (2014).

Parceria entre a HBO e a emissora italiana RAI, a série "Amiga Genial", cuja primeira temporada estreou em novembro de 2018, foi um sucesso no mundo todo, especialmente na Itália, onde teve mais de 7 milhões de espectadores.

A segunda temporada acaba de estrear no Brasil e, ao que tudo indica, segue o mesmo tom dramático e novelesco da antecessora, o que faz com que o espectador se mantenha instigado a cada novo episódio.

'O Senhor dos Anéis' (os filmes e os livros)

Beatriz Amendola, repórter

A obra de J.R.R. Tolkien é um dos maiores clássicos da literatura fantástica —e também um dos mais fascinantes do gênero. Ele construiu um mundo sem precedentes com sua Terra Média, com suas línguas elaboradas e descrições tão ricas em detalhes que fazem o leitor se sentir como se estivesse ao lado de Frodo e companhia na jornada para destruir o Anel. Tal universo foi belamente transposto para o cinema na impressionante trilogia de Peter Jackson, que manteve o espírito do material fonte mesmo tomando liberdades na adaptação.

Jackson —ainda bem longe do fracasso do questionável "O Hobbit"— criou uma trilogia encantadora que apresentou Tolkien a uma nova geração de fãs e garantiu seu lugar na história do cinema.

São mergulhos profundos: os livros somam mais de mil páginas e os filmes, quase dez horas de duração (e não estou contando as versões estendidas aqui). Mas vale a pena reservar um tempinho de seu dia para se deixar levar pela fantasia e esquecer, um pouquinho, do que estamos passando aqui fora.

'Birth of the Cool' e toda a discografia de Miles Davis

Leonardo Rodrigues, repórter

Existem documentários melhores que "Birth of Cool", disponível na Netflix, que esmiúça vida e obra do jazzista mais revolucionário de todos os tempos, ainda que de forma enciclopédica —o que deixa a obra limitada em certos aspectos. Mas, no campo das discografias, provavelmente não há competição no jazz nem fora dele. Por isso, o programa sugerido aqui é para fazer casado, o que pode durar semanas e até meses: assista ao filme e depois corra para ouvir os geniais discos de Miles Davis.

Funciona porque o doc dirigido por Stanley Nelson Jr. usa como fio narrativo exatamente os álbuns, com depoimentos de especialistas, lendas do jazz e muitas imagens de arquivo —as fotografias são lindas. Você vai entender como foram pensadas e produzidas obras obrigatórias "Miles Ahead", "Kind of Blue", "Sketches of Spain", "Bitches Brew", "On the Corner" e "Tutu", todas disponíveis a um clique na sua plataforma de streaming favorita.

Jazz não é sua praia? Tudo bem. A quarentena pode servir também para diversificar gostos musicais.

Ouça música em vinil

Liv Brandão, editora

Com o retorno triunfal do vinil na última década —o que levou a uma "vingança das bolachas", destronando os CDs, que por sua vez lhes roubaram o trono nos anos 1990... —muita gente voltou a ter vitrolas em casa e a escarafunchar sebos e coleções familiares. Mas vamos todos admitir que é muito mais fácil abrir um Spotify da vida, que está ali no celular, e escolher qualquer coisa para se ouvir dentro a miríade de opções oferecidas.

Pois minha sugestão de "longão" para o fim de semana de tédio, digo, de quarentena, é dar atenção para os seus vinis. Espanar a poeira, lavar as bolachas e ouvi-las com calma, prestando atenção no som, se ligando nos detalhes da capa, da contracapa e do encarte, como há muito tempo você não fazia.

É um exercício bastante gostoso para aplacar a ansiedade de tempos incertos.

'Anne With an E' (a série e os livros)

Por Renata Nogueira, repórter

São três temporadas com início, meio e fim. Sim, "Anne With An E" foi cancelada no sentido mais literal na palavra. Mas isso não significa que você deve esnobar a série, disponível na Netflix. A história —baseada no livro "Anne de Green Gables"— se amarra perfeitamente e, assim como o início, tem um fim justo e emocionante. Com exceção do primeiro episódio, que tem 1 hora e 28 minutos de duração, quase todos os outros 26 episódios (são 7 na primeira temporada e 10 na segunda e terceira) têm 44 minutos. Um pouco mais de 20 horas de puro encantamento com a história da órfã que vai parar por engano na fazenda de dois irmãos solteirões.

Para quem não está sozinho em quarentena, é o tipo de série ideal para reunir a família em volta do sofá. Se você está sozinho, é conteúdo para um fim de semana completo.

"Anne With An E" vale a maratona por ser leve, bonita, divertida e com um elenco entrosado que te deixa mais apaixonado a cada episódio. Mesmo sendo de época, as histórias abordam temas universais que vão te fazer refletir, dar risada e chorar, tudo ao mesmo tempo. Tanto a personagem principal quanto o elenco secundário dão lições de humanidade e resiliência, temas que fazem muito sentido no nosso momento atual.

E se você gostar muito da série como eu, ainda tem a chance de usar mais do seu tempo livre para se dedicar à coleção de oito livros de Lucy Maud Montgomery que contam a história completa de Anne, da chegada da menina a Green Gables até sua vida adulta.

Documentário 'Sinatra: All or Nothing at All'

"Frank Sinatra morreu nesta noite, com 82 anos, chegando ao fim de uma vida extraordinária, passada nos palcos por seis longas décadas. Um ídolo de milhões." Uma TV ligada noticia, na primeira cena do documentário "Sinatra: All or Nothing at All", a morte de um dos mais lendários cantores de todos os tempos.

O filme, disponível na Netflix em dois episódios com, em média, duas horas de duração cada, reconta a trajetória do cantor com base nas músicas que ele escolheu para o repertório do que seria seu último show, em Las Vegas, em 1971 —mas que acabou não sendo.

Além da carreira musical, o documentário abraça os altos e baixos de Sinatra, seu trabalho como ator e até sua relação com os Kennedys. Tudo por meio de entrevistas com familiares, amigos e até falas do próprio protagonista. São quatro horas garantidas de boa história e boa música!