"Freud": Série traz pai da psicanálise jovem e investigando crimes
Esqueça o Sigmund Freud careca, de barba branca e charuto na mão. Não é nada disso que se vê em "Freud", série com oito episódios criada por Marvin Kren, Benjamin Hessler e Stefan Brunner que estreia na Netflix em 23 de março e está sendo exibida no 70º Festival de Berlim. Freud (Robert Finster) é um ambicioso jovem médico de 30 anos que tenta se firmar na carreira - e que ainda ajuda o policial Alfred Kiss (Georg Friedrich) a desvendar misteriosos assassinatos, com a ajuda da médium Fleur Salomé (Ella Rumpf).
A série se passa em 1886, na Viena do Império Austro-Húngaro. O personagem principal não é levado muito a sério como médico com seu conceito do inconsciente e o uso da hipnose. Com o dramaturgo Arthur Schnitzler (1862-1931), embarca em noitadas regadas a cocaína.
Marvin Kren ("4Blocks", "Geleira Sangrenta"), que dirige os episódios, mistura coisas reais que aconteceram com Freud com elementos fantasiosos de trama policial, mistério e terror - o pai da psicanálise, ao que consta, nunca investigou crimes. Os assassinatos acontecem num momento de turbulência política e parecem ter relação com uma conspiração da qual participam poderosos.
Os dois primeiros episódios exibidos em Berlim também introduzem o conceito de trauma, mostrando os efeitos da guerra em Alfred Kiss e da violência nos sobreviventes da onda de crimes. Há espaço para abordar o antissemitismo crescente naquela época, que afeta Freud — ele deixaria a Áustria em 1938, com a anexação do país à Alemanha sob domínio nazista. A ambientação é interessante, assim como o uso das teorias de Freud aplicadas aos personagens, mas o rocambolesco mistério não funciona tanto quanto os produtores gostariam.
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