Baile da Santinha: Como Léo Santana transformou uma música em festival

Sem querer virou um festival

Léo Santana resume o clima de seu próprio pré-Carnaval baiano antes de subir no palco e cantar e rebolar até o amanhecer para mais de 20 mil pessoas que o aguardam há horas. Estamos no Baile da Santinha, em Salvador.

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Nas pistas, quem pagou até R$ 200 por um ingresso está divido entre lounges que levam os nomes de suas músicas do momento —entre elas "Contatinho", sua bem-sucedida parceria com Anitta, e "Não Vivo Sem Ela (Eu Te Amo Putaria)", aposta para esse Carnaval.

Enquanto as mulheres aguardam o "GG" divididas entre santinhas e diadinhas (as tiaras são distribuídas na entrada), não estranhe se trombar com sósias do cantor baiano no lado masculino. Afinal, Leo chama atenção com seus 120 kg distribuídos nos 2 metros de altura que renderam o apelido de Gigante e "GG".

"Em Salvador começou menorzinho... Aí veio essa ideia de fazer um super baile e colocar shows completos. Acabou virando para 20, 25 mil pessoas. Aí as outras cidades começaram a enciumar", recorda Leo sobre a evolução. Fora do Carnaval, a festa também virou "GG": foram 22 edições só no ano passado.

De Salvador para o mundo

O Baile da Santinha hoje funciona não só como um esquenta do Carnaval, mas como um evento que roda o país sempre com Léo Santana fechando a noite, geralmente já à luz do dia. No ano passado, o baile rompeu até mesmo as fronteiras, com edições na Suíça, em Portugal, na Espanha e na Holanda.

"Antigamente rolavam participações. Os artistas vinham e cantavam três ou quatro músicas. E se tivesse ali alguém curtindo a gente botava no palco, nada programado. Em 2018 decidimos que os convidados fariam shows completos. Hoje é um dos nossos maiores eventos, nosso xodó", confessa.

A Santinha que "perde o juízo" na letra da música de Léo Santana, trouxe outro padrão para o cantor. Do "Rebolation" que o deixou famoso nacionalmente na epóca do Parangolé, ele hoje também rebola exercendo seu lado empresarial.

Além de divulgar suas próprias músicas, Léo projeta o festival com ativações de marcas parceiras com distribuição de brindes e atrações como uma tirolesa, seguindo o padrão de eventos como Lollapalooza e Rock in Rio.

"O Baile da Santinha é uma ideia minha. A canção é minha, foi através dessa música —Santinha— que virou esse baile. Quem frequenta em Salvador sabe que todo ano é uma estrutura diferente, produção diferente, tem todo um entretenimento para quem vem curtir. E essa é a nossa intenção."

Acordo com artistas

Os convidados, que antes faziam pequenas participações, hoje são escolhidos em um processo de meses de negociação de agendas para que levem shows completos ao evento. Nas últimas três edições, Léo Santana se orgulha de ter recebido nomes consagrados e artistas que estão em alta, como a dupla Henrique e Juliano, líderes entre as mais tocadas nos serviços de streaming.

"É um baile porque acaba englobando todos os ritmos. Tem eletrônico, brega funk, funk, o axé, que é o pagode da gente, o sertanejo. A ideia é agradar todo tipo de público", confessa o anfitrião, que neste ano criou uma pista separada —a boate Inferninho— só para abraçar o brega funk, o ritmo do momento.

Léo Santana não está sozinho. Ele segue uma tendência no mercado da música muito popular brasileira. Wesley Safadão promove seu Garota Vip e derivados desde 2011. Thiaguinho rodou o país com o projeto Tardezinha. Simone e Simaria já anunciaram que vão transformar o Bar das Coleguinhas em festa. Todos eles foram convidados do Gigante nas três últimas edições do Baile da Santinha, em Salvador. Nos bastidores, há um acordo entre os escritórios e empresários para que um evento não anule o outro.

O Baile da Santinha ainda ocupa duas datas da agenda de Léo Santana antes do Carnaval oficial. Belo Horizonte é a próxima cidade a receber a festa, em 1º de fevereiro. No dia 15, ele faz em Florianópolis a última edição antes de mergulhar de vez na folia Salvador. E volta em 1º de maio, em Montes Claros (MG) depois de uma pausa para uma cirurgia no tornozelo, com a promessa de trazer a festa para São Paulo.

*A repórter viajou a convite da Salvador Produções