Vela em formato de pênis em palco de peça chama atenção no interior de SP

Um objeto em formato de pênis utilizado no cenário de um espetáculo de teatro em São José do Rio Preto, interior de São Paulo, chamou atenção nas redes sociais. A peça O Rei da Vela foi encenada na noite de ontem, pelo grupo Parlapatão, no Teatro Paulo Moura, na abertura do da 18º edição do Janeiro Brasileiro da Comédia.

Uma foto que mostra o cenário usado na peça foi tirada por um espectador e postada nas redes sociais. A imagem causou polêmica entre os internautas por usar um objeto muito semelhante a um órgão sexual masculino em sua cenografia.

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"Disseram que essa coisa aí no meio do palco é uma vela. Confesso que é a primeira vez que vejo uma vela com 'bolas'. É a minha mente que anda poluída?", diz a legenda da foto postada por um internauta.

"Sem querer criar polêmicas (hahaha), mas não é uma vela! Que é um objeto fálico está claríssimo, mas, se reparar, verão que há algumas folhas ali", comentou outro internauta.

O espetáculo é uma remontagem sátira de uma peça escrita pelo modernista Oswald de Andrade, na década de 1930, e conta a história do empresário Abelardo I - o Rei da Vela -, um banqueiro e agiota conhecido por se aproveitar da crise econômica no país para emprestar dinheiro para a população faminta com juros altíssimos.

Ele se casa com Heloísa de Lesbos, filha de latifundiários falidos do café, só para se aproveitar do sobrenome da família. Abelardo I aceita qualquer negócio para aumentar seu lucro, mas ele acaba engolido pelo próprio sistema que ajudou a criar.

A classificação indicativa da peça é de 14 anos.

Pênis como "símbolo da comédia"

Um dos curadores do festival de teatro em que a peça foi encenada e mediador de debates, Alexandre Mate, diz que a utilização do símbolo na peça nada mais é do que uma homenagem à comédia.

"O símbolo do pênis não tem conotação pejorativa. O órgão sexual masculino historicamente está ligado à fertilidade e ele é o símbolo da comédia. Quem estava no teatro ontem não se sentiu ofendido, porque sabia do contexto e tudo foi feito com muito respeito", afirmou ao UOL.

O diretor do espetáculo, Hugo Possolo, acrescenta que a semelhança do objeto a um órgão genital masculino é proposital e a ideia foi justamente passar a ideia de duplo sentido. E explica que a peça se trata de uma crítica ao machismo.

"O símbolo mostra a masculinidade do homem, mas daquele homem que é machista. Que se impõe pelo fato de ser homem, que se sente poderoso e superior. Quem assistiu ao espetáculo pode ver isso e após a peça fizemos um debate para o assunto. Não teve nada demais", disse à reportagem.

Em nota, a Secretaria de Cultura de São José do Rio Preto, responsável pelo festival, afirmou que o espetáculo ocorreu em local fechado, obedecendo classificação indicativa de 14 anos.

Disse ainda que a organização do JBC está amparada pela legislação federal, obedecendo os critérios do Guia de Classificação Indicativa do Ministério da Justiça e que o órgão cumpre todos os requisitos de classificação indicativa, inclusive informando-a em seus materiais de divulgação e para a imprensa.