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Chefe da Funarte defende Rouanet e diz que Bolsonaro valoriza muito a arte

Dante Mantovani em coletiva de imprensa da Funarte no Rio - RafaeL Godinho/ UOL
Dante Mantovani em coletiva de imprensa da Funarte no Rio Imagem: RafaeL Godinho/ UOL

Rafael Godinho

Do UOL, no Rio

16/01/2020 18h01

Resumo da notícia

  • Dante Mantovani convidou a imprensa para anunciar os projetos da Funarte para 2020
  • O presidente da fundação defendeu a Lei Rouanet e disse que preconceito contra ela precisa acabar
  • O maestro anunciou R$ 38 milhões do Governo Federal para serem investidos em arte
  • Segundo Mantovani, o presidente Jair Bolsonaro é o que mais valoriza a arte no Brasil
  • O presidente quer incentivar empresários a fomentarem às leis de incentivo
  • Mantovani diz que tem que haver separação da classe artística da política

Dante Mantovani rasgou elogios à Lei Rouanet na coletiva de imprensa para anunciar os programas 2020 da Funarte (Fundação Nacional de Artes), na tarde desta quinta-feira (16), no Rio de Janeiro. O presidente da instituição reforçou a importância de os empresários quebrarem o preconceito de incentivarem projetos culturais. A declaração vai de encontro a falas do presidente Jair Bolsonaro, que já chegou a chamar a Lei Rouanet de "desgraça" usada para cooptar defensores de governos passados, em uma live no Facebook em abril de 2019.

"Precisamos tirar esse preconceito da Lei Rouanet. Muitos empresários acham que vão passar por uma auditoria quando apoiam com a Lei Rouanet. Muito pelo contrário, a empresa que apoia cultura é até vista com bons olhos pelo governo. A Lei Rouanet é boa. Está sendo aprimorada", declarou o maestro.

No ano passado, o ministro da Cidadania, Osmar Terra, revelou em um vídeo as novas regras para Lei Rouanet. Segundo o ministério, conforme já havia sido sinalizado por Bolsonaro, o valor máximo por projeto incentivado cairia de R$ 60 milhões para R$ 1 milhão e teto de R$ 10 milhões anuais para os proponentes com até 16 projetos ativos.

Mantovani ainda afirmou que o atual governo federal é o que mais valoriza a arte de todos os tempos. "O Bolsonaro está valorizando a arte como nunca na história do Brasil", disparou o presidente, que já fez um vídeo dizendo que "o rock leva ao aborto e satanismo".

O presidente anunciou que R$ 38 milhões, com apoio da Secretaria Especial da Cultura do Governo Federal, já estão disponíveis para os projetos da Funarte para este ano. Vinte e seis milhões a mais que em 2019, que foram destinados R$ 12 milhões para as diferentes áreas alcançadas pela entidade, como artes visuais, circo, dança, música, teatro e artes integradas.

O novo programa acontece em parceria com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a Universidade Federal Fluminense (UFF) e o Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict). Um edital para bandas do Brasil inteiro será aberto pela fundação. "Há 10 anos, a Funarte não abria um edital para bandas. É uma retomada do investimento na arte, por parte da Funarte", comemorou Leônidas Oliveira, diretor executivo da Funarte.

Outra iniciativa da fundação será levar música clássica aos pontos históricos e turísticos das cidades brasileiras, não só das capitais, mas também no interior. Intitulado de Projeto Bossa Criativa, o evento começará por Ouro Preto (MG). Segundo Leônidas, só na semana de estreia, o projeto irá movimentar R$ 20 milhões na cidade mineira, movimentando o turismo local.

Infraestrutura sucateada

Mantovani mostrou preocupação com a infraestrutura dos imóveis da Funarte em todo o Brasil. Ao todo são 17 espaços físicos, que segundo o presidente da fundação, estão todos sucateados. Um grupo de trabalho conjunto com o Secretário de Infraestrutura da Secretaria Especial da Cultura foi montado para discutir as medidas e providências emergenciais a serem tomadas para preservação do patrimônio.

O prédio em pior estado apontado por Mantovani é o Cedoc (Centro de Documentação e Informação), no Rio de Janeiro. O local abriga riquezas incalculáveis, como fotografias, publicações, áudios, vídeos entre outros registros da história da arte brasileira. Até cartas originais ainda inéditas de Carlos Gomes estão armazenadas no acervo.

Separação entre política e arte

Apesar de dizer que a Funarte está aberta para a comunidade artística, o presidente deseja que os artistas se distanciem da política. "Tem que haver uma separação, porque quando você mistura os dois, não é arte é propaganda ideológica. As pessoas estão cansadas disso", justifica.

Mantovani acredita não ter nenhum empecilho para que a classe se aproxime da fundação. "Já coloquei a Funarte à disposição de artistas e produtores, para que eles apresentassem os seus projetos. Estamos totalmente abertos ao diálogo", conclui.