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Por que chamar nova repórter do BBB de musa é um desserviço para as gamers?

Nyvi Estephan será repórter do BBB - Victor Pollak/TV Globo
Nyvi Estephan será repórter do BBB Imagem: Victor Pollak/TV Globo

Leandro Carneiro

Do UOL, em São Paulo

15/01/2020 04h00

A notícia de que Nyvi Estephan faria parte do time de BBB da Globo em 2020 --ela será repórter ao lado das ex-sisters Fernanda Keulla e Ana Clara-- chamou a atenção. Com ela, voltaram as lembranças chamando a apresentadora de "musa dos gamers". O que poder parecer elogio para muitos acaba trazendo um rótulo ruim para as mulheres no mundo dos jogos, que ficam estigmatizadas pelo sexismo.

A própria Nyvi já demonstrou incômodo com o comportamento masculino no mundo dos games em relação às roupas que usa.

"Os homens se incomodavam com o tamanho da minha saia, com meu decote --minha roupa e minha aparência não significam que eu não entendo de games. Tive que me provar, mostrar o quanto eu estudei cada game, o quanto eu sabia jogar, porque as pessoas me olhavam e achavam que eu só estava querendo aparecer, mas eu já fazia parte daquela comunidade antes", disse a apresentadora em entrevista a Universa.

"Estou no mercado de trabalho há muitos anos, cinco deles em games, e sei que não há trabalho que se sustente apenas com qualidades físicas. O segredo do crescimento profissional a longo prazo é o esforço e a determinação em ser cada vez melhor no que se propõe a fazer", afirmou em conversa com o UOL Esporte.

A apresentadora também sabe que a presença de mulheres no games é dificultada pelo comportamento tóxico e machista de muitos gamers, principalmente on-line.

"Infelizmente, é normal entrar numa partida on-line e, se você mostrar que é mulher, os caras tentam conversar no chat privado, pedem telefone, fotos. E, se seu time perder a partida, eles falam que a culpa é toda sua, te mandam 'lavar a louça'. Também te pedem para provar seu 'currículo gamer': mostrar quantos e quais jogos você gosta, quantas horas de jogo você tem, para provar que sabe do que está falando. A parte positiva é que, hoje em dia, tem os streams, então você monta o seu 'currículo' lá e todo mundo vê que não está mentindo", disse Nyvi.

Nyvi foi capa da Playboy em 2016 e, depois disso, já fez trabalhos que ganharam destaque na própria Globo. Foi justamente falando sobre games que a apresentadora ganhou um quadro dentro do Esporte Espetacular

O assédio citado pela apresentadora é motivo de reclamação de muitas jogadoras on-line. "Sofro com assédio principalmente quando estou em jogos on-line. Desde apelidinhos como 'meu amor' até 'vai lavar louça'", contou a youtuber funBABE em entrevista ao START, mostrando o lado sexista dos gamers.

"A maioria dos comentários é principalmente relacionada ao meu corpo e à minha aparência, não importa como esteja vestida. Sempre arrumam uma desculpa para assediar", completou Gabriela Catuzzo.