Opinião: As melhores séries de 2019
Em 2019, deu trabalho ficar em dia com as séries. Foi um ótimo trabalho, no entanto. Canais e serviços de streaming lançaram centenas de produções e, entre histórias inéditas e novas temporadas de velhas conhecidas, muitas coisas boas chegaram às nossas TVs, notebooks e celulares (ou seu outro meio favorito de assistir séries).
Isso tornou bem difícil a missão de selecionar apenas dez séries para entrar nesta lista. Algumas produções de alto nível acabaram de fora, por pouco, como foram os casos de Sex Education, Years and Years, Mindhunter e Pose. Ou, ainda, das nacionais Sob Pressão e Segunda Chamada, que entregaram histórias cativantes e trouxeram grandes inovações ao gênero na TV brasileira.
Quanto às regras: coloquei nas listas apenas as séries que estrearam ou ganharam novos episódios em 2019 e que foram exibidas no Brasil. Isso significa que produções muito comentadas no exterior, como The Mandalorian, do Disney+, não entrarão aqui.
Confira a lista:
Fleabag (Amazon Prime Video)
A série da Amazon é a grande prova de que você não precisa se alongar para contar uma história de forma brilhante. Em seis episódios de quase meia-hora, a protagonista e criadora Phoebe Waller-Bridge ri das pequenas desgraças do dia a dia com textos afiadíssimos que analisam nossas relações com amor, luto e família por meio de personagens ricos e muito, muito humanos. A chegada do "padre gato", interpretado por Andrew Scott, balançou positivamente a série - e seus diálogos com a Phoebe estão entre os melhores que a TV já viu em muito tempo.
Watchmen (HBO)
Damon Lindelof conseguiu o que parecia impossível: atualizar a história iniciada pela HQ icônica de Alan Moore e Dave Gibbons. O criador de Lost e The Leftovers foi montando aos poucos um quebra-cabeças estranho e fascinante, o que resultou em uma das séries mais únicas que já vimos em muito tempo. Sua continuação deixou o ambiente da Guerra Fria para falar sobre um mundo dividido pelo racismo e pelo ódio, com o apoio de um elenco incrível liderado por Regina King e Jeremy Irons e de diretores que souberam ousar na linguagem (o episódio 6, de Stephen Williams, é um dos melhores). Foi a grande surpresa do ano.
The Crown (Netflix)
Após um hiato de dois anos, a série de Peter Morgan provou que continua a ser a joia da coroa da Netflix (com o perdão do trocadilho). Com um elenco renovado que colocou a vencedora do Oscar Olivia Colman no papel da rainha Elizabeth 2ª, The Crown se aprofundou em sua investigação sobre o exercício do poder em um mundo em transformação - o que fica dolorosamente claro no terceiro episódio, centrado no desastre de Aberfan. Merecem destaque, também, os papéis maiores dados ao príncipe Charles e à princesa Anne, jovens adultos tentando se encontrar em meio às exigências impostas pela monarquia.
Chernobyl (HBO)
A minissérie é uma das obras-primas do ano. Em cinco episódios impactantes, o criador Criag Mazin reconstrói a história da tragédia da usina nuclear que viu um de seus reatores explodir em 1986. O acidente deixou marcas profundas que perduram até hoje, e a produção retrata de forma precisa não só as circunstâncias que levaram a ele, mas também as agruras dos sobreviventes. É uma minissérie que não foge aos horrores de seu tema central, e que os usa para fazer uma reflexão sobre verdade e poder, que parece hoje mais urgente do que nunca.
Boneca Russa (Netflix)
A comédia criada e protagonizada por Natasha Lyonne (Orange Is the New Black), tem uma premissa à la Feitiço do Tempo: No dia de seu aniversário, Nadia morre e inevitavelmente reaparece no banheiro da festa. O roteiro subverte a premissa batida com um texto sensível e divertido sobre o poder que os traumas exercem sobre nós. É imperdível.
Euphoria (HBO)
Esta não é sua típica série adolescente. Euphoria, criada e dirigida por Sam Levinson, fez um retrato poderoso sobre as dificuldades de crescer a amadurecer nos dias de hoje a partir das experiências de Rue (Zendaya, ótima), uma garota que acaba de sair de uma temporada em um centro de reabilitação. A trama abandona as convenções do gênero para encontrar sua própria identidade, com uma narrativa intensa que, por vezes, flerta com o surreal, a exemplo do que é feito no excepcional último episódio. O elenco traz ainda outras grandes interpretações, como a da estreante Hunter Schafer.
Olhos que Condenam (Netflix)
A minissérie de Ava DuVernay retrata uma das maiores injustiças da história dos Estados Unidos: a condenação indevida de cinco garotos acusados de estuprar uma mulher em Nova York, em 1989. Eles passaram anos atrás das grades, apesar de todas as evidências apontarem que eles eram inocentes. O roteiro tece uma trama desoladamente atual, que passa pelo racismo que permeia as instituições e pelo desejo que linchamento que, infelizmente, segue sendo muito familiar - isso enquanto desvenda as vidas de cada um dos jovens, suas personalidades e seus desejos.
Inacreditável (Netflix)
Foi um ano excepcional para produções baseadas em casos reais, e Inacreditável é a mais surpreendente delas. A minissérie subverte as convenções das tramais policiais ao colocar no centro da trama Marie (Kaitlyn Dever), uma jovem estuprada e desacreditada pelas autoridades, e uma dupla de investigadoras (Merritt Weaver e Toni Collette) que, anos mais tarde, também investigam casos de estupro. O roteiro, uma feliz exceção, trata o assunto com o respeito necessário, mergulhando na psique das personagens e de seus traumas sem apelar para cenas gratuitas de violência. Não é uma história fácil de se assistir, mas vale cada segundo.
The Boys (Amazon Prime Video)
Outra boa surpresa do ano foi a adaptação da HQ homônima criada por Garth Ennis e Darick Robertson, que descontrói as nossas concepções sobre os super-heróis - e, por isso mesmo, é muito divertida. Na série, os poderosos estupram, matam impunemente e se preocupam mais com os lucros que vão receber de seus filmes do que com aqueles que deveriam salvar. Cabe então a um grupo de pessoas comuns trazer à tona os podres dos Sete (uma espécie de Liga da Justiça, liderada pela figura sinistra do Capitão Pátria). O resultado é uma produção cínica, regada a sexo e violência, que é viciante e irresistível de se acompanhar.
Barry (HBO)
A história do assassino de aluguel que se encanta pelo mundo da atuação em Los Angeles manteve o nível de excelência da primeira temporada, se aprofundando em questões éticas e morais enquanto seu personagem-título, interpretado por Bill Hader, se vê às voltas com mais desafios para se desvincular de sua vida de crimes. Henry Wrinkler mais uma vez rouba a cena como o professor de atuação Gene, agora lidando com uma perda.
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