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Em ato com artistas, Lula chora e cita DiCaprio para ironizar Bolsonaro

Rafael Godinho

Do UOL Rio

19/12/2019 01h52

Lula atraiu políticos e artistas ao ato público pela cultura realizado na noite desta quarta-feira (18), no Circo Voador, no Rio de Janeiro. Entre os famosos estavam Dira Paes, Emiliano D'Ávila, Guta Stresser, Cristina Pereira, Osmar Prado, Amir Haddad, Antônio Pitanga e Agnaldo Timóteo.

Ao som do DJ Penna, o manifesto deu início por volta das 19h, com um representante dos coletivos de hip hop Jovem Cerebral, que incentivava a plateia lotada da tradicional casa de show carioca, a cantar com hits de Caetano Veloso, Gilberto Gil e Tribalistas. Mas foi quando tocou Apesar de Você, de Chico Buarque, que o público entoou em coro a canção tida como um hino na ditadura.

"Porque nós amamos a cultura e a arte, que nós queremos um Brasil democrático", gritou Osmar Prado ao pegar o microfone. Em seguida, o ator revelou que no dia em que Lula foi preso, ele foi com a mulher e o ator Ailton Graça dar apoio ao ex-presidente.

"Ao se entregar, Lula começou a derrotar seus algozes de dentro da cadeia. Qual o país que não asilaria Lula? Lula de dentro da cadeia foi candidato ao prêmio Nobel, se tornou cidadão honorário de Paris e nós estamos reunidos aqui hoje e espero que isso seja apenas o início de um Tsunami que vai varrer a obscena realidade que vivemos em Brasília. Dez mil Moros, 10 mil Bolsonaros não chegariam ao dedo mindinho do presidente Lula, que a prensa esmagou", disparou Osmar, arrancando lágrimas de Lula e gritos eufóricos da plateia.

Beth Carvalho (1946 - 2019), simpatizante do governo Lula e do PT, foi homenageada por Alice Prado, que cantou o samba-enredo da Mangueira, História pra Ninar Gente Grande, campeão do Carnaval deste ano.

"Nunca vi minha mãe chorar, ela chorou no dia em que o Lula foi preso", disse Alice, antes de cumprimentar Luana Carvalho, filha de Beth presente no evento.

Lula deu o seu ponto de vista sobre a atuação do governo de Jair Bolsonaro na cultura, que inclui o fim do ministério e a nomeação do pastor Edilásio Barra como superintendente de Desenvolvimento Econômico da Agência Nacional de Cinema, a Ancine.

"Cultura é vida e este governo prega a morte. O governo Bolsonaro é contra todas as formas de expressão", acusou o ex-presidente, que também relembrou o polêmico caso recente da retirada de cartazes de filmes nacionais da sede da Ancine no Rio.

Lula também fez referência a um post do humorista Fábio Porchat no Twitter dizendo que "Bolsonaro não governa, ele se vinga". "É uma vingança a cada um de vocês, que trataram de gritar, gravar, cantar, grafitar e escrever: Ele não", apontou.

O ex-presidente ainda tirou sarro de outro episódio recentemente em que o presidente Jair Bolsonaro acusou, sem provas, o ator hollywoodiano Leonardo DiCaprio de financiar ONGs que supostamente teriam causado incêndios na Amazônia.

"Daqui a pouco vão dizer que sou filho do Leonardo DiCaprio", ironizou ele, arrancando risos de todos.

Antes de encerrar, Lula criticou a extinção do Ministério da Cultura e defendeu a atriz Fernanda Montenegro dos xingamentos de Roberto Alvim, diretor da Funarte. O político chamou a estrela de sórdida e mentirosa, causando indignação da classe artística.

"Fernanda Montenegro em 30 segundos olhando para uma câmera, fez muito mais que o Bolsonaro em 30 anos para o Brasil", comparou o ex-presidente, que prometeu fazer uma excursão da sua caravana da cultura pelo Brasil, em agradecimento ao apoio dos artistas.

Com Guta Stresser e Dira Paes emocionadas, Lula se despediu e Agnaldo Timóteo cantou Nossa Senhora de mãos dadas com a deputada federal Benedita da Silva (PT) e a ex-presidente Dilma Roussef (PT).

Errata: este conteúdo foi atualizado
Diferentemente do publicado anteriormente, o ator presente no ato foi Emiliano D'Ávila, e não Emiliano Dantas. A informação foi corrigida no texto.