Escritora é banida de feira por linguajar inadequado; editora cita censura
A Companhia das Letras reagiu à exclusão da escritora Luisa Geisler da 15ª Edição da Feira do Livro de Nova Hartz, que acontece entre os dias 27 e 30 de novembro, no interior do Rio Grande do Sul.
Uma produtora do evento, a pedido do prefeito da cidade, teria alegado por telefone que seu último livro "Enfim, capivaras", voltado ao público jovem, continha palavrões ou "linguajar inadequado".
No Twitter, a Companhia das Letras declarou o seu apoio à escritora e classificou o ato da prefeitura como "censura".
"A Editora Seguinte, selo jovem do Grupo Companhia das Letras, repudia qualquer tipo de censura e, diante de uma situação como essa, gostaria de declarar todo o seu apoio a Luisa Geisler, autora duas vezes vencedora do Prêmio Sesc de Literatura, Prêmio Machado de Assis, semifinalista do Prêmio Oceanos de Literatura e duas vezes finalista do Jabuti", diz trecho do comunicado.
Ao UOL, a assessoria da prefeitura de Nova Hartz (RS) informou que a produtora Simples Assim, que organiza a feira, teve que fazer "ajustes nos valores e readequações", mas não soube explicar em que circunstâncias houve a exclusão da escritora, nem confirmou a ligação do funcionário.
A reportagem também tentou contato com a empresa responsável pelo evento, mas não obteve retorno.
"Enfim, capivaras" é o primeiro livro escrito por Luisa Geisler direcionado ao público jovem. A história se passa numa cidadezinha do interior e "explora, através de vários pontos de vista, os relacionamentos entre um grupo de adolescentes e discute diferenças sociais, autodescoberta e, principalmente, a amizade".
No comunicado, a Companhia das Letras diz ainda acreditar que a literatura (e arte em geral) deve ser questionadora e reforça o seu compromisso de nunca subestimar o leitor jovem.
"Publicando obras que retratem as experiências dos adolescentes de forma honesta e que promovam o diálogo — como 'Enfim, capivaras'", completa.
"Acredito em censura. E temo"
Ao UOL, Luisa contou que soube de sua exclusão através de uma produtora do evento, a pedido do prefeito da cidade, Flávio Jost (PP).
"Fui informada por telefone pela produtora do evento, que tinha sido informada pelo prefeito diretamente. O argumento foi de que a linguagem não era apropriada para jovens, na faixa etária recomendada", disse ela.
Questionada pela reportagem se acredita em censura, a escritora resumiu. "Sim, acredito em censura. E temo".
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