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Martin Scorsese diz que efeitos especiais podem acabar com maquiagem no cinema

Veja o trailer de O Irlandês

UOL Entretenimento

Do UOL, em São Paulo

10/10/2019 14h29

O diretor Martin Scorsese afirmou que o futuro do cinema, cada vez mais avançado em termos de tecnologia, é usar efeitos especiais até como substituto para maquiagens - sejam elas mais leves ou trabalhos pesados, como rejuvenescer ou envelhecer um ator.

Scorsese vem promovendo O Irlandês, feito com a Netflix - mas exibido nos cinemas - que tem um trabalho de deixar mais novos veteranos atores, como Al Pacino e Robert De Niro. O último, por exemplo, aparece como uma pessoa na faixa dos 40 anos - ele tem 76.

"Há uma convenção no cinema do uso da maquiagem. Se você assistir a um filme antigo, há a aceitação por parte do público de que aquele cabelo é uma peruca, ou aquele bigode é falso. Mas as pessoas compravam essa ilusão", disse ele, à IndieWire.

"Sempre me lembro da maquiagem para envelhecer o personagem de Dustin Hoffman em Little Big Man. Ou a maquiagem usada em O Homem Elefante. Onde está a arte? Onde está a performance. Estão ali, porque John Hurt era ótimo. Mas eu sei que é maquiagem, então o espectador aceita a ilusão", adicionou Scorsese.

Scorsese - Zou Zheng/Xinhua - Zou Zheng/Xinhua
Imagem: Zou Zheng/Xinhua

Para ele, os efeitos especiais estão chegando a um novo nível de ilusão, que pode ser ainda maior. Scorsese não vê isso negativamente. Para o diretor, isso permite um melhor controle da performance. Por exemplo, os efeitos não limitam expressões faciais, como uma maquiagem ou prótese.

"É algo sobre manter o personagem, manter as emoções daquelas faces vivas. Em uma cena em que De Niro é mais nov, ele fala com alguém e precisa mostrar vulnerabilidade. Fazê-lo mais novo, algumas vezes, o fez parecer ameaçador. Por que? Pelas linhas de sua boca. Então, trabalhamos mais nisso", explicou o diretor.

Por fim, ele afirma que efeitos especiais não recriam performances nem a substituem. Questionado se O Irlandês é o passo inicial de uma nova era, ele concluiu: "Acho que esta é uma primeira vez e ela tem um custo. Mas, quando mais for usada, mais este custo será razoável".