Itamaraty fala em indicações, mas nega censura a filme de Chico Buarque
A Embaixada do Brasil em Montevidéu negou em nota enviada ao UOL que tenha censurado a exibição do filme Chico: Artista Brasileiro no 8º Cine Fest Brasil, que acontecerá na capital do Uruguai entre 3 e 9 de outubro.
A notícia foi publicada hoje na coluna de Ancelmo Gois, do Jornal O Globo, que reproduziu uma carta enviada por um dos produtores uruguaios ao diretor do filme, Miguel Faria Junior, que também é amigo de Chico Buarque.
Na carta publicada na íntegra e em seu idioma original, um dos produtores uruguaios explica diretamente ao diretor Miguel Faria Jr. que a Embaixada do Brasil em Montevidéu havia pedido que o filme não fosse exibido na mostra.
Na nota encaminhada pelo Itamaraty, a justificativa é de que a embaixada entrou como apoiadora do festival e, ao receber uma pré-lista de indicações de filmes da Inffinito, produtora brasileira que está à frente do evento, devolveu a mesma com algumas sugestões de obras a serem exibidas.
"A Inffinito enviou à Embaixada lista preliminar de filmes que estavam sendo considerados pela curadoria do festival. Informada sobre a lista dos filmes, a embaixada limitou-se a indicar sugestões", diz a nota, que segue.
"A seleção dos filmes é de responsabilidade dos produtores do evento. Na divisão de tarefas, foi solicitado à embaixada que contribuísse com coquetel de abertura e divulgação do evento no Uruguai."
Filme será exibido no festival
Também procurada pelo UOL, Adriana Dutra, diretora da produtora Inffinito, esclareceu que tudo não passou de um mal-entendido e que o filme será sim exibido no evento.
"A Embaixada do Brasil no Uruguai não é patrocinadora e sim apoiadora do evento e, assim como outros apoiadores, exibidores e distribuidores locais, opina na seleção dos filmes, mas o crivo final fica a cargo da curadoria", diz a produtora em nota.
Segundo a Inffinito, o filme não havia sido selecionado por não ser um lançamento, e sim uma obra produzida em 2013 e lançada em 2015.
"É critério da seleção dos filmes que os mesmos tenham sido lançados no ano corrente do festival e/ou anterior ao mesmo (2018-2019). Por esse motivo, o longa Chico - Artista Brasileiro, de Miguel Faria Junior, produzido em 2013 e lançado em 2015, não estava na lista de selecionados."
Após a confusão, no entanto, a Inffinito resolveu incluir o filme em uma sessão especial de encerramento.
"Como resposta aos rumores de que houve censura e para comprovar a autonomia do festival na escolha dos filmes, a curadoria informa que vai convidar o filme Chico: Artista Brasileiro para ser exibido em sessão hors concours no encerramento do festival."
Lançado há quatro anos, Chico: Artista Brasileiro esquadrinha a vida e a obra de um dos maiores expoentes da música popular brasileira. O documentário é dirigido por Miguel Faria Jr., que já fez filme sobre Vinicius de Moraes e é o amigo com quem Chico Buarque costuma caminhar pelas areias do Leblon.
O filme mescla falas do próprio cantor e compositor com imagens de arquivos e números musicais inéditos de convidados interpretando as canções de Chico Buarque, como Milton Nascimento, Carminho, Adriana Calcanhotto, Mart'nália, Laila Garin, Péricles e Ney Matogrosso, entre outros.
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Filme de Chico Buarque? Quem pagou os custos?
Estamos em tempos sombrios. Tem uma porção da população armado de Fake news e educado pela mídia em vez de nas universidades, querem impor sua imbecilidade na sociedade. O surgimento deste baixo clero começou a partir da bancada evangélica na câmara, e hoje se estendeu em todos poros do governo. A sociedade deve seriamente pensar e agir para isto não repetir novamente em nome da democracia. Democracia é tão bom, que ela dá direito de extinguir ela mesma. O baixo clero, tomou este direito para reduzir a diversidade em monocracia. Eles não entendem que o pano do fundo na Democracia é Diversidade. As grandes vozes da cultura, arte, ciência, filosofia etc são vozes que defendem aquele pano no fundo da Democracia - a diversidade. Chico Buarque é um. Tem outros. Precisamos barrar a marcha do baixo clero. A questão não é mais esquerda ou direita. A questão é sanidade social. A ascensão do baixo clero, já está provando o perigo para a Democracia.