Com Orlando Bloom e Cara Delevigne, Carnival Row é uma bagunça de alto orçamento
Carnival Row é, sem dúvidas, a série mais ambiciosa já colocada no ar pela Amazon, com um elenco estrelado, criaturas fantásticas e uma ampla mitologia própria. O resultado que pode ser visto a partir de hoje, no entanto, é uma bagunça de alto orçamento - ainda que divertida.
A história criada por Travis Beacham (Philip K. Dick's Electric Dreams) e Rene Echevarria (Star Trek: Deep Space Nine) se passa em um universo que remete à Inglaterra vitoriana, mas povoado por criaturas como fadas e faunos. Seu epicentro é a cidade de Burgue, que se tornou destino de várias fadas após uma guerra que acabou com a terra natal delas, tomada por um misterioso grupo chamado apenas de The Pact. Os habitantes de Burgue não são completamente receptivos aos estrangeiros, o que eleva as tensões na metrópole.
É justamente para lá que vai Vignette (Cara Delevigne), uma fada rebelde que foi uma das últimas a deixar seu país. Na cidade, ela reencontra um antigo amor, Rycroft "Philo" Philostrate (Orlando Bloom), agora um detetive que investiga uma série de assassinatos brutais. A reunião não é exatamente feliz, já que Vignette acreditou, por sete anos, que Philo estava morto.
Enquanto se concentra na trama de seus dois protagonistas, Carnival Row vai bem - muito por conta de Cara Delevigne, que entrega sua melhor atuação até agora criando uma Vignette bem carismática. Porém, a história começa a transitar de forma confusa entre vários temas e núcleos, sem conseguir abraçá-los por completo.
Há uma rede de intrigas políticas que gira em torno do chanceler de Burgue, Absalom (Jared Harris), e de sua ambiciosa mulher, Piety (Indira Varma); outra linha dedicada ao estranhamento dos irmãos Imogen (Tamzin Merchant) e Ezra (Andrew Gower) com seu novo vizinho, o fauno Agreus (David Gyasi); e várias subtramas que exploram, superficialmente, os preconceitos contra as criaturas mágicas, apresentando e descartando personagens conforme convém.
Quando se chega à metade da temporada, de oito episódios de 1 hora cada, a sensação é de que a série se perdeu no emaranhado de histórias. Na reta final, porém, ela consegue se recuperar satisfatoriamente, amarrando pontas soltas enquanto deixa um gancho interessante para seu segundo ano, já confirmado previamente pela Amazon.
Há um esforço claro, ainda que nem sempre bem-sucedido, de construir um universo amplo capaz de agradar aos fãs do gênero fantástico. O melhor dele se reflete na direção de arte e nos figurinos da série, tratados com cuidado cinematográfico. Os efeitos especiais também são interessantes na maior parte do tempo, embora deixem a desejar na hora de construir criaturas que são puro CGI.
No fim das contas, Carnival Row é um produto que fica no meio do caminho: não é "inassistível", tampouco é uma série que poderia ser descrita como premium. Com um elenco sólido, um visual bonito de se ver nas telas e um universo com potencial, ela pode ser a primeira produção da Amazon a conquistar um status de blockbuster. E já que uma segunda temporada é inevitável, fica a torcida para que ela consiga ser mais concisa e coerente do que a primeira foi.
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