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Em ato pró-Glenn, Chico Buarque fala em "armação" para eleição de Bolsonaro

Carolina Farias

Do UOL, no Rio

30/07/2019 20h51Atualizada em 30/07/2019 21h51

Com o auditório da ABI (Associação Brasileira de Imprensa) lotado e mais 2.000 pessoas do lado de fora, na rua em frente ao prédio no cento do Rio, o jornalista americano e editor do site The Intercept Brasil Glenn Greenwald foi homenageado, na noite de hoje, em um ato em apoio frente a ataques que vem recebendo do governo Jair Bolsonaro (PSL).

Além de políticos e representantes de entidades de classe, entre elas, a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), artistas compareceram para apoiar o jornalista. Entre eles, estavam Chico Buarque, Paulo Betti, Camila Pitanga, Wagner Moura, Pedro Luís, Humberto Carrão, Fernanda Abreu, Marcelo D2, Teresa Cristina, Júlia Lemertz e Guilherme Weber.

Em discurso, Chico defendeu a importância das revelações relativas a troca de mensagens entre procuradores da força-tarefa da Lava Jato e o então ex-juiz Sergio Moro, hoje ministro da Justiça e Segurança Pública, que indicam que ele exerceu influência sobre a operação.

"Agora está explícito pra quem quiser ver e aprender o quanto se armou, o quanto se tramou, para eleger esse governo, o que se armou por baixo dos panos pelos grandes órgãos de comunicação, exaltando seus heróis juízes e procuradores. O juiz Sergio Moro foi eleito o homem do ano, o homem que faz a diferença e hoje sabemos qual a diferença. É 'Lula tá preso, babaca', 'Dilma caiu, babaca'. Eu dentro da minha babaquice quero prestar minha homenagem, minha solidariedade aos jornalistas do Intercept, e especialmente a Glenn Greenwald pelas ameaças que vem sofrendo do Bolsonaro 'de pegar uma cana' e do ministro Moro de ser deportado", disse Chico.

O jornalista Glenn Greenwald (centro) recebe apoio em ato na ABI (Associação Brasileira de Imprensa) - LUCAS REZENDE/FUTURA PRESS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO - LUCAS REZENDE/FUTURA PRESS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
30.jul.2019 - O jornalista Glenn Greenwald (centro) recebe apoio em ato na ABI (Associação Brasileira de Imprensa)
Imagem: LUCAS REZENDE/FUTURA PRESS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

Apoiado por Bolsonaro, Moro deu diferentes declarações sobre o vazamento de mensagens --ele minimizou o teor das falas e chegou a dizer que não reconhecia a autenticidade do conteúdo. A suspeita é de que um suposto hacker tenha obtido as mensagens por meio de invasão criminosa ao aplicativo Telegram instalado em celulares de autoridades. O suspeito disse ter repassado o material a Glenn Greenwald sem contrapartida financeira.

A Constituição garante a jornalistas o sigilo da fonte. Segundo Greenwald, a publicação da série de reportagens com base no vazamento obedece a interesse público e não constitui crime.

A mesa organizadora também chamou para discursar o ator e agora também diretor Wagner Moura, que fez o filme Marighella. O mestre de cerimônias lembrou que Moura está sendo atacado por fazer a cinebiografia do ex-deputado e guerrilheiro Carlos Marighella, assassinado pela ditadura militar em 1969.

"Minha solidariedade não é somente com Glenn, um dos maiores jornalistas do mundo, estamos nesse ato porque é importante que sejamos solidários a qualquer jornalista que possa bater no peito e dizer: 'Sou jornalista de verdade e meu compromisso é com a verdade e a justiça social. Jornalismo é pilar da democracia", discursou Moura.