Dark: segunda temporada é brilhante (mas o nó na cabeça piora ainda mais)
Dark, uma das melhores séries originais da Netflix, volta para a segunda temporada após um hiato de quase um ano e meio. Os episódios inéditos seguem o mesmo esquema que consagrou a produção, desenvolvendo os mistérios do enredo e deixando ainda mais confusa a cabeça dos fãs.
Ao mesmo tempo, as diferentes linhas do tempo e os vários personagens não deixam tediosa a experiência de entrar neste mundo surreal e técnico, pelo contrário. Cada vez mais você se sente fisgado pelas viradas de mesa e como as revelações influenciam a jornada de cada personagem.
Como vimos na cena final da temporada anterior, Jonas se encontra em um futuro distante após sua versão mais velha tentar destruir o buraco de minhoca da cidade de Winden, na Alemanha. O mundo pós-apocalíptico traz novos perigos para o adolescente, que descobre uma forma de voltar ao passado após se esgueirar por um túnel e encontrar um grande segredo.
Já nos tempos atuais, a confusão segue a mesma com o desaparecimento de Ulrich e do filho Mikkel, os segredos do misterioso Aleksander e o maquiavélico Noah.
Sem ajuda
Caso você pense que a série vai separar alguns minutinhos para "recordar é viver", mude sua expectativa. Dark volta literalmente como uma sequência direta, e não se importa em explicar nada para o espectador. Explicamos aqui tudo o que rolou na primeira temporada da série.
Cair em um mundo caótico que você não visita há quase dois anos não é tão simples. Muitos personagens são semelhantes fisicamente, os nomes em alemão não são nada palpáveis para os brasileiros, a história acaba sendo tão complexa que chega a ser confusa às vezes e a quantidade de tramas paralelas dentro do mote central é um obstáculo e tanto.
Pode ser óbvio, mas é essencial salientar mais uma vez: preste atenção em todos os detalhes. Dark nunca foi uma série para você relaxar e apenas passar o tempo.
É necessário pausar constantemente a série para decifrar os personagens ou até mesmo pesquisar no Google o funcionamento de um buraco de minhoca e traduzir frases em latim para melhor compreensão -- o que, convenhamos, é uma experiência um tanto diferente e que funciona como uma espécie de desafio para quem está assistindo.
Noah
O padre que vem influenciando Bartosz, amigo de Jonas, e que construiu uma máquina do tempo na década de 80 tem o melhor arco de Dark.
A princípio, imaginamos que ele fosse uma espécie de demônio sob a postura rígida e a vontade de dominar a viagem no tempo. A segunda temporada desenvolve ainda mais o potencial dele, transformado-o em uma figura perigosa e cujo mistério carrega a série.
Ao seu lado aparece um nome inédito, mais uma pessoa que fica fascinada com a proposta Sic Mundus Creatus Est ("Assim o mundo foi criado"), gravada nos portais e que foi símbolo da filosofia do Hermetismo.
O grande acerto de Dark na segunda temporada é explorar ainda mais o vilão e a linha que une a ciência e a ficção. Se por um lado temos as teorias de viagem no tempo e a explicação do físico H.G. Tannhaus com o livro A Journey Through Time, há o lado místico e oculto que complementa o racional.
Dark é viciante, genial e nada fácil de assistir -- no sentido positivo. A segunda temporada te deixará instigado a todo momento pensando em teorias para o final e a cada episódio novas surpresas aparecem para derrubar o que você pensou anteriormente.
O diretor Baran bo Odar já confirmou que a terceira parte da produção vai chegar em 2020, ou seja, a jornada de Jonas e a dos moradores de ontem, hoje e amanhã de Winden ainda terá vida longa neste mundo enigmático que versa entre a física e a ficção.
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