Exposição de Tarsila do Amaral chega ao Masp com o Abaporu e obras populares
Nos anos 1960, Tarsila do Amaral vendeu o quadro "Abaporu" para Pietro Maria Bardi, um dos idealizadores do Museu de Arte de São Paulo (Masp), na esperança de que a obra fizesse parte do acervo permanente do museu.
Mas não foi isso que aconteceu.
Pietro revendeu o quadro para o colecionador Érico Stickel, que depois foi comprado por Raul Forbes e, finalmente, arrematado em um leilão em 1995 por US$ 1,25 milhão (um recorde para quadros brasileiros na época) pelo argentino Eduardo Constantini, criador do Museu de Arte Latino-Americana de Buenos Aires (Malba), na Argentina, onde a obra estava exposta.
Hoje, quase 60 anos depois de Tarsila ter vendido o "Abaporu", o quadro finalmente será exposto no Masp, quando estreia a exposição "Tarsila Popular", que reunirá 120 obras da artista, entre pinturas e desenhos que abrangem todas as fases de sua carreira.
"Adoraria ver o 'Abaporu' permanentemente exposto em um museu brasileiro", disse Tarsilinha do Amaral, 54, sobrinha-neta da artista e responsável por seu espólio. "Mas fico muito feliz em saber que ela está no Malba, um dos museus mais importantes do mundo. Só tenho elogios para o cuidado que eles têm com a obra. A compra do quadro pelo Malba foi o que ajudou internacionalizar a minha tia", contou.
Nos últimos anos, Tarsila do Amaral começou a ganhar notoriedade no exterior firmando-se como uma das maiores importantes artistas plásticas do Brasil e também a mais valorizada. No mês passado, o quadro "A Lua" foi vendido por US$ 20 milhões (o maior valor já pago por uma obra brasileira) para o Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMA).
"Para a arte brasileira, ter 'A Lua' em um dos museus mais importantes do mundo é excepcional. Tentamos trazer o quadro para a exposição no Masp, mas não deu tempo. O MoMA estava fazendo restaurações na obra e não dava para retirá-lo de lá", explicou.
Exposição abrangente
Mesmo sem "A Lua", quem visitar a exposição "Tarsila Popular" verá o que de melhor a artista produziu em sua carreira nas fases "Pau-Brasil" (marcada por telas coloridas e temas tropicais), "Antropofágico" (da época do "Abaporu") e "Social" (quando ela se aproxima de questões políticas e sociais). "Esta não é a exposição que tem mais obras de Tarsila, mas é a mais abrangente", garantiu Tarsilinha.
Entre as pinturas expostas estarão reunidos novamente "A Negra" que, ao lado de "Abaporu" forma a obra "Antropofagia". A última vez que os três quadros foram reunidos numa mesma exposição em São Paulo foi em 2008, na Pinacoteca do Estado.
Outro destaque é "Um Pescador", do acervo do museu Hermitage, na Rússia, e que será exposto pela primeira vez no Brasil. "É uma obra linda comprada pela União Soviética. Foi bem difícil trazê-la. Mesmo na Europa, essa obra foi pouco vista", disse Tarsilinha.
Ela aponta também "A Cuca" como outro ponto alto. "É um dos favoritos das crianças. Recebo muitas cartas de crianças que pedem para ver esse quadro", disse Tarsilinha. Ele, aliás, não era exposto no Brasil há 27 anos. "As crianças amam os quadros da Tarsila e eu acho extremamente importante porque elas serão, no futuro, as grandes divulgadoras de sua obra".
Também serão expostas obras icônicas como "Morro da Favela", "Carnaval em Madureira", "O Lago", "Batizado de Macunaíma", "O Mamoeiro", "Operários", "A Gare" e "Costureiras".
A exposição de Tarsila será aberta simultânea à de Lina Bo Bardi, uma das mais famosas arquitetas do Brasil, responsável pela obra do Masp, do Sesc Pompeia e do Teatro Oficina. As mostras integram o ciclo "História das Mulheres, histórias feministas", eixo temático que guiará a programação do Masp neste ano.
Serviço:
Data: de 5 de abril a 23 de junho de 2019
Endereço: 1º andar do Masp (Av. Paulista, 1578. São Paulo. SP)
Tel.: (11) 3149-5959
Horários: quarta a domingo: das 10h às 18h (bilheteria aberta até as 17h30); terça-feira: das 10h às 20h (bilheteria até às 19h30).
Ingressos: R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia). Terça-feira a entrada é grátis. Menores de 11 anos não pagam.
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