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"As críticas nos deixam mais fortes", diz baterista do Greta Van Fleet

A banda Greta Van Fleet
Imagem: A banda Greta Van Fleet

Felipe Branco Cruz

Do UOL, em São Paulo

04/04/2019 10h33

Em dois anos, o Greta Van Fleet foi de revelação do rock a uma das bandas mais importantes da atualidade, premiada com o Grammy de melhor álbum de rock de 2019. Agora, os brasileiros poderão conferir de perto, pela primeira vez, se o quarteto americano soa tão bem ao vivo quanto em seu álbum "Anthem of the Peaceful Army" (2018).

Amanhã eles se apresentam na Fundição Progresso, no Rio de Janeiro. No domingo, a banda será uma das principais atrações do Lollapalooza Brasil, em São Paulo. Para quem quiser uma experiência mais intimista, eles voltam a se apresentar na segunda-feira na Audio, também em São Paulo, dentro do projeto Lolla Parties.

Em sua curta carreira (o primeiro single foi lançado em 2017), a banda já ouviu mais elogios do que críticas. Embora tenha sido criticada por soar como se fosse um Led Zeppelin cover, os elogios vieram de nomes de peso da indústria, como o próprio Robert Plant, além de Billy Corgan e Slash.

"A gente tenta não se influenciar nem pelas críticas nem pelos elogios", disse o baterista Danny Wagner, 20, que conversou com o UOL por telefone de sua cidade natal, Frankenmuth, no estado de Michigan, nos Estados Unidos. "Conversamos uns com os outros e tentamos ser nós mesmos, sem se preocupar com a opinião de quem está de fora. As boas críticas nos deixam mais fortes. Sabemos quem nós somos e estamos bastante confiantes".

Danny é o único integrante da banda que não faz parte da família Kiszka, formada pelos irmãos gêmeos Josh Kiszka (vocal) e Jake Kiszka (guitarra), de 22 anos, e o caçula, o baixista Samuel Kiszka, 20.

Banda Greta Van Fleet - Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram
A banda Greta Van Fleet
Imagem: Reprodução/Instagram

Ao telefone, o baterista parecia cansado e demonstrou estar ansioso para voltar aos palcos. Afinal, a banda precisou cancelar vários shows após o vocalista Josh ter sido diagnosticado com laringite. Como consequência, o grupo ficou quase três meses sem se apresentar e retornou apenas na última quinta-feira (28), no Lollapalooza Chile, que marcou o início da turnê sul-americana da banda.

Danny, no entanto, tranquilizou os fãs a respeito da saúde vocal de Josh. "A voz dele já está bem melhor. A parte mais difícil do nosso trabalho, especialmente no inverno [no hemisfério norte], é fazer tantos shows em tão pouco tempo em condições climáticas ruins", explicou. "Tentamos nos cuidar da melhor maneira possível. O Josh está se tratando e tenho certeza que ele estará 100% no Brasil"

Influência musical

Em sua curta carreira, o que mais a banda tem ouvido são comparações com o Led Zeppelin. São tantos comentários, que os integrantes já estão se incomodando e preferem desconversar quando o assunto é abordado. Sobre o tema, Danny deu uma resposta padrão: "É uma honra".

Mas, quando a pergunta foi sobre seus bateristas favoritos, ele mudou o tom de voz e empolgado citou a influência de nomes mais distantes do Led, como Ringo Starr (Beatles), Keith Moon (The Who), Mitch Mitchell (Jimi Hendrix Experience) e Taylor Hawkins (Foo Fighters).

Dos outros integrantes, a influência musical vai ainda mais distante, com bandas desconhecidas do grande público, como a Fairport Convention, de electric folk dos anos 1970, da qual a música "Meet On The Ledge" eles fizeram cover no álbum "From the Fires", de 2017.

"Gostamos muito dessas bandas de rock e blues dos anos 1960 e 1970. O Josh sempre gostou muito delas. Ouvimos esse tipo de folk o tempo inteiro", afirmou. "Acho que fazer covers é bom para uma banda, especialmente quando você encontra o approach correto para soar confortável para você e manter vivo o legado".

A influência dos anos 1970 também passa pelo figurino. No palco, os quatro integrantes abusam das roupas de couro, fitas coloridas, plumas, brincos, colares e outros adereços. "É uma coisa do oeste dos Estados Unidos", diz o baterista.

"A gente queria criar uma atmosfera que nos conectasse à capa do disco ['Anthem Of The Peaceful Army'], com muitas rochas, deserto, montanhas", explicou. "Os nossos clipes têm muito deserto e a queríamos uma continuidade desse mesmo visual no palco. Acho que as nossas roupas refletem também nossas músicas e letras".

Antes de encerrar o bate-papo, Danny fez questão de mandar um recado aos brasileiros. "Estamos muito animados para tocar no Lollapaloza Brasil. Vimos alguns vídeos do festival aí no Brasil e, honestamente, será um sonho tocar nesse palco. Acho que será uma experiência completamente nova, talvez o maior festival que tocaremos em nossa carreira".