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Happy birthDre! Confira dez clássicos de Dr. Dre

Dr. Dre em foto de 2012, se apresentando no Coachella Festival - David McNew/Reuters
Dr. Dre em foto de 2012, se apresentando no Coachella Festival Imagem: David McNew/Reuters

Ronald Rios

Especial para o UOL

24/02/2019 10h27

Essa semana teve o aniversário de um dos maiores nomes do hip-hop. São os 53 anos dele, Dr. Dre, que veio diretamente de Compton, montando a pesadíssima produção do NWA, grupo no qual era DJ e eventual rapper. Ele colocou essa parada de gangsta rap num nível acima de qualquer coisa que já tinha sido feita. Eu prefiro a expressão "reality rap". Mas que se dane o nome. Ele foi quem fez isso acontecer num nível estratosférico ao lado de Ice Cube e cia.

"Straight Outta Compton" vendeu 1 milhão de cópias em 1988 e se sua carreira tivesse acabado ali, já teria sido o bastante para ser imortalizado. Mas uns anos depois ele se posicionou como um dos maiores MCs do mundo, declaradamente sem ser um letrista, fazendo uso de ghostwriters nas obras em que era ato principal; começou essa jornada no "The Chronic", seu primeiro disco solo, em 1992, escrito amplamente por Snoop Dogg e The D.O.C.

Seu delivery era tão infalível e a construção de batidas g-funk a partir dum jeito diferente de samplear - com músicos no estúdio, para ter mais controle sobre os samples - era tão contagiante que isso nunca foi o foco da conversa. O disco foi um arregaço e até hoje é parte essencial na coleção de clássicos do rap.

Novamente em "2001" (disco de 1999), ele usaria dos serviços de Jay-Z, Royce 5'9, Eminem, entre outros e isso nunca foi uma questão. Outro clássico que modelou o que seria o tipo de kit de bateria e mixagem de rap pelos próximos anos. 

Dr. Dre e Ice Cube - Reprodução - Reprodução
Dr. Dre e Ice Cube, com o elenco e o diretor de "Straight Outta Compton", cinebiografia do NWA
Imagem: Reprodução

Seu terceiro álbum solo é a "trilha sonora" de "Straight Outta Compton", blockbuster que conta a história do grupo de rap mais polêmico de todos os tempos. "Trilha sonora" entre aspas porque não mais que duas músicas tocam no filme de fato. É uma trilha mais no sentido de "inspirado por" do que um apanhado fiel das músicas do filme - eu sinceramente não tenho nada contra.

Embora não tenha sido um disco que ditou o que seria a música dali pra frente - eu me pergunto se isso é ainda um conceito real na música dentro dessa era digital com mais oferta saindo do que dá para acompanhar -, foi uma excelente celebração da vida e obra do Doutor. Exceto por 50 Cent, seus proteges e parceiros todos estão lá: Snoop, Cube, Anderson Pakk, Kendrick, Eminem e The Game - bom, dá para ver de que lado o Dr ficou na treta "50 x Game". Mas isso é assunto para outra coluna.

Dito isso, prepare o grave dos seus alto-falantes, pois separei dez sons do Dr. que merecem sua atenção - sendo você alguém a ser iniciado na medicina do Dre ou um usuário de longa data apenas buscando saudosismo!

"Deep Cover" ft. Snoop Dogg (1992)

Essa foi a prova de fogo. Após sair do NWA, Dre precisava se mostrar com peso o bastante para bancar a ideia de exercer um maior protagonismo do que na época em que estava escondido atrás das presenças hiper carismáticas de Cube e Eazy-E. Mas ele não chegou com um som solo. Teve a paciência de vir dividindo espaço com um novato que seria seu parceiro pra sempre. Dr. Dre trouxe um desconhecido Snoop Dogg (na época "Snoop Doggy Dogg") para rimar junto dele nesse beat espaçado, grave e de gelar a espinha. A música, trilha sonora do filme homônimo, agarra a atenção de qualquer um 27 anos depois. Dr. Dre numa só tacada se jogou na cena e trouxe o tio Snoop - na época sobrinho Snoop.

"Let Me Ride" (1992)

Dr. Dre fez magia sampleando Parliament, grupo do monstrão do funk George Clinton. Muito se argumenta sobre o Dr. Dre não ser o inventor do g-funk, mas com esse som ele com certeza criou e alimentou bem o bicho. Não tem como não pirar em tudo que acontece nesses, adivinhe, 4:20 de música.

"Fuck Wit Dre Day" ft Snoop Dogg (1992)

Eu podia passar o resto da vida viajando no baixo dessa música. Mais um sample de George Clinton. Snoop e Dre foram na jugular de quem quer que entrasse no caminho da dupla, em especial o ex-parceiro de grupo de Dre, Eazy-E.

"Nuthin' But A 'G' Thang" ft Snoop Dogg (1992)

O sonho de todo garoto que cresceu ouvindo rap era andar de Cadillac com Dr. Dre e Snoop Dogg por toda a costa oeste americana graças a essa música. Eles conseguiram traduzir o que era Compton/Long Beach pro mundo todo. NY estava oficialmente para trás durante um tempo.

"The Watcher" (1999)

Horns de leve. Um synth sutil. Caneta providenciada pelo Eminem, Robin do Dr. Batman Dre. Multisilábicas. Não tinha jeito mais preciso de abrir o "2001", volta por cima de Dr. Dre, depois de uns anos meio que dormindo - mas sem ser peixe morto.

"Still D.R.E." ft Snoop Dogg (1999)

Escrita por Jay-Z, essa faixa reapresentou ao mundo a ideia de que não havia nada mais urgente para ser feito do que circular de Cadillac com Dre e Snoop. Essa batida guiada por um pianinho agudo pode tocar por horas que eu desafio alguém a dar pause - ou tirar a agulha do disco, deixa eu ser saudosista.

"Forgot About Dre" ft Eminem (1999)

A voz nasalada do Eminem nesse icônico refrão vem para avisar algo que deveria ser óbvio: Dre nunca está derrotado, então não aja como se ele não estivesse entre nós. Essa música celebra a dominação mundial 

"The Next Episode" ft Snoop Dogg, Kurupt e Nate Dogg (1999)

He-e-e-ey...
Smoke weed everyday!

"The Message" ft Mary J Blige e Rell (1999)

Uma das canções mais tocantes do Dr. Escrita pelo Royce 5'9, é uma dedicatória ao irmão de Dre, tragicamente morto ainda nos tempos de NWA. A única faixa do "2001" não produzida por Dr. Dre.

"Talking To My Diary" (2015)

Uma batida pra deitar pra trás e olhar pro horizonte sem deixar de contemplar o passado. É um hino da vitória de um OG verdadeiro. É metade melancólica, metade celebração. 100% Dre.

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