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The Cranberries falam sobre último álbum: "É um presente que Dolores deixou"

A banda The Cranberries, com a vocalista Dolores O"Riordan - Reprodução
A banda The Cranberries, com a vocalista Dolores O'Riordan Imagem: Reprodução

Beatriz Amendola

Do UOL, em São Paulo

22/01/2019 10h33

No último dia 15, completou-se um ano da morte de Dolores O'Riordan, vocalista do The Cranberries. A data foi marcada também pelo lançamento de "All Over Now", primeiro single do álbum "In the End", o último do grupo - que os colegas de Dolores consideram como uma homenagem ao trabalho que fizeram juntos.

"O álbum celebra o trabalho que Dolores fez e retribui todo o apoio que os fãs deram à banda ao longo dos anos", disse em entrevista ao site NME o baterista Fergal Lawler. "É como um pequeno presente que ela deixou para trás". 

Os músicos ficaram ansiosos na véspera do lançamento. "Eu fiquei nervoso", contou o guitarrista Noel Hogan. "Só algumas pessoas haviam escutado [o álbum]. De repente, comecei a pensar demais. Saber que todo mundo, no mundo inteiro, vai ouvir o que guardamos por tanto tempo é um pouco assustador. Nós terminamos de gravar em maio, então já estávamos guardando ele há um bom tempo".

Lidar com o luto foi um processo difícil no último ano. "É, obviamente, a primeira coisa em que você pensa quando acorda de manhã: que dia é e o que aconteceu um ano atrás", afirmou Noel. "O luto vem em ondas.

"Em alguns dias você está bem, mas nos outros a realidade bate em você e, mesmo agora, você não consegue acreditar", completou Fergal. "Dirigindo, você vê alguém que parece com ela. Em alguns dias, não dá para acreditar, e você meio que tem que aceitar e seguir o melhor que pode. O primeiro dia gravando sem ela foi muito difícil, mas nós tínhamos que fazer justiça ao trabalho de Dolores, fazê-lo soar o melhor possível. Esperamos que ela pudesse se orgulhar dele".

O grupo começou a trabalhar no álbum em junho de 2017; dessa forma, quando Dolores morreu, já havia muito material pronto. "Fomos muito sortudos de ter tanto material. Muito do trabalho já estava feito, já que Dolores havia gravado vários vocais e enviado vários e-mails. Eram para ser apenas demos, mas não eram só isso, porque ela era uma ótima cantora. Algumas semanas depois do velório, eu comecei a conferir as demos que haviam sido enviadas e percebi que, na verdade, elas dariam um ótimo álbum", lembrou Noel.

A banda então visitou a família da cantora para buscar o apoio deles para um novo trabalho. "Era muito importante para nós que a mãe e os irmãos de Dolores estivessem bem com isso", explicou Fergal. "Nós entramos em contato com eles antes de conversar com qualquer outra pessoa. Queríamos conversar e ver o que eles achavam. Eles deram total apoio porque achavam que seria uma pena ter essas gravações e não poder fazer nada com elas".

Questionados se tiveram dúvidas a respeito do álbum, os músicos disseram que não. "Você não quer arruinar o legado da banda. Queríamos compartilhar o trabalho que Dolores havia feito, e complementá-lo do melhor jeito. Quando começamos a fazer isso, não tive dúvidas - acho que nenhum de nós teve - de que era o certo a fazer", disse Noel. "O fato de que o material estava em ótima forma ajudou na decisão. Não queríamos só pegar coisas e juntar. Tinha que ser muito bom, e era", acrescentou Fergal.