O designer brasileiro que dá vida a "Aranhaverso" e ao novo "Homem-Aranha"
O mundo colorido de "Homem-Aranha no Aranhaverso" se passa no Brooklyn, em Nova York (EUA), mas o Cabeça de Teia teve um toque tupiniquim graças ao designer brasileiro Alfredo Hisa, que atualmente trabalha em outro projeto do herói: "Homem-Aranha: Longe de Casa".
A animação da Sony Pictures que uniu diversas versões de um dos super-heróis mais queridos dos quadrinhos venceu o Globo de Ouro 2019, e vem recebendo elogios tanto dos críticos quanto dos fãs -- mas poucos percebem o trabalhão que deu para fazer o longa.
"Estou muito feliz com a reação do público, tem sido maravilhosa. Se contarmos a partir do anúncio oficial, o filme levou três anos e meio para ser feito", diz o designer em entrevista ao UOL.
Alfredo é quem cuidou da estrutura da animação que vemos nas telonas, coordenando o esboço muito antes da versão final. Explicando de forma simplificada, ele seleciona o ângulo da câmera que o expectador vai ver em uma determinada cena do filme e depois encaixa os personagens na tela, tudo para criar a sensação de fluidez fantástica que vemos no longa.
Trabalhando em "Aranhaverso"
O trabalho de Alfredo começa quando os diretores escolhem o formato do filme, inclusive o aspecto psicológico dos personagens. A câmera, segundo ele, deve parecer como um "fantasma", ou seja, não atrapalhar a movimentação dos personagens, encontrar ângulos criativos e ser precisa para contar a história ao espectador.
Alfredo conta que a ideia é sempre respeitar a visão dos diretores, mas que teve liberdade para sugerir câmeras alternativas e cenas de luta. "As cenas da batalha final com certeza foram as mais difíceis de fazer. Foi um belo desafio planejar as cenas com diversos personagens e um cenário gigantesco e cheio de elementos que dá para você mexer".
O brasileiro era novo na Sony Pictures Imageworks, localizada em Vancouver, no Canadá, quando começou a trabalhar na animação do Homem-Aranha, por isso a maior pressão que recebeu foi interna, principalmente porque ele estava se adaptando ao inglês. "Apesar da pressão, gosto dessa fase do friozinho na barriga, é sinal que estou fora da zona de conforto. Me inspira a continuar aprendendo."
A participação de Alfredo na animação do Cabeça de Teia chamou a atenção da Sony Pictures, que o escalou para trabalhar em "Homem-Aranha: Longe de Casa". O brasileiro não pode falar muito sobre o filme nem dar tantos detalhes de cenas, então não será desta vez que saberemos algum spoiler da aventura que estreia em julho de 2019 nos cinemas.
Inspirações e "Lino"
"Eu cresci no meio de mangás e quadrinhos de super-heróis. Minhas referências vinham tanto da minha origem japonesa quanto da brasileira das bancas de jornal, desde 'Ultraman' e 'Gundam' a 'Batman' e 'Homem-Aranha'. Tudo junto e misturado".
Alfredo trabalhou por muitos anos como freelancer para estúdios especializados em efeitos digitais. Em 2012, foi atrás de longas de animação e séries animadas, integrando a equipe de "Tarsilinha" (2014), "Dino Aventuras" (2015) e "Reza a Lenda" (2016).
O especialista ainda foi responsável por "Lino: Uma Aventura em Sete Vidas" (2017), que é a animação nacional com maior bilheteria da história do cinema. O resultado final foi fundamental para ele tentar cavar uma vaguinha em um grande estúdio internacional e, após mandar uma demo para diversas empresas, a Imageworks deu uma chance ao brasileiro.
"Como eu era o único membro do departamento de layout, criei praticamente todas as câmeras e fiz o primeiro corte do 'Lino'. Depois disso, me senti mais confiante em procurar oportunidades fora do Brasil e continuar evoluindo."
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