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"O Justiceiro" volta melhor e mais sangrenta em sua segunda temporada

Jon Bernthal na segunda temporada de "O Justiceiro" - Cara Howe/Netflix
Jon Bernthal na segunda temporada de "O Justiceiro"
Imagem: Cara Howe/Netflix

Beatriz Amendola

Do UOL, em São Paulo

18/01/2019 04h00

Com o universo Marvel na Netflix entrando em colapso, "O Justiceiro" retorna, nesta sexta-feira (18), já sob a sombra do cancelamento iminente, o que é uma pena: a série que acompanha Frank Castle (Jon Bernthal) chegou ainda melhor em sua segunda temporada, embalada por cenas de ação mais sangrentas e pela inusitada parceria entre o anti-herói e uma adolescente.

No novo ano da produção, Castle tenta seguir sua vida após ter se vingado dos envolvidos na morte de sua família, mas acaba arrastado para uma jornada igualmente violenta ao salvar a adolescente Amy (Giorgia Whigham) de um grupo de assassinos, comandado pelo implacável --e religioso-- John Pilgrim (Josh Stewart). Paralelamente, Billy Russo (Ben Barnes) lida com as graves sequelas físicas e mentais deixadas por seu confronto com o Justiceiro ao fim do primeiro ano. 

Castle, novamente em uma interpretação carismática de Bernthal, se vê obrigado a encarar duas guerras ao mesmo tempo, o que coloca mais uma vez à prova suas noções de ética e justiça, e contrapõe sua ligação ao passado com a inevitabilidade de seu destino como vigilante. É um ótimo terreno para o drama. As transições entre as frentes de batalha, porém, nem sempre ocorrem de forma natural, o que prejudica o ritmo da série.

Frank Castle (Jon Bernthal) e Amy (Giorgia Whigham)  - Cara Howe/Netflix - Cara Howe/Netflix
Frank Castle (Jon Bernthal) e Amy (Giorgia Whigham)
Imagem: Cara Howe/Netflix

Toque político e ação

Criada por Steven Lightfoot ("Hannibal", "Narcos"), "O Justiceiro" trouxe em sua primeira temporada discussões importantes sobre temas polêmicos, como o tratamento dispensado aos militares e o acesso às armas nos Estados Unidos. Elas continuam presentes no segundo ano da série, mas agora com um toque político, mirando claramente no governo de Donald Trump. Para não dar spoiler, basta dizer que há referências pouco sutis à interferência russa na política americana e às relações promíscuas (e frequentemente hipócritas) entre poder e religião.

O melhor da temporada está na dupla improvável formada pelo anti-herói e Amy. A jovem falante, que vive de pequenos golpes, tem a idade que a filha Castle teria se ainda estivesse viva, e os dois constroem um laço genuíno que injeta uma leveza necessária à história, impedindo que ela se torne excessivamente sombria.

As sequências de ação, entretanto, seguem como um dos pontos altos da série. Eletrizantes, brutais e bem coreografadas, elas são mais numerosas e mais cruas do que as do primeiro ano. Uma das melhores delas está na reta final da temporada, no 10º episódio. Só tenha cuidado se você for o tipo de pessoa que não pode ver sangue: algumas cenas são de revirar o estômago.

Ainda que pese a longa duração, com 13 episódios de quase 1h cada, a nova temporada de "O Justiceiro" é satisfatória -- e deve deixar uma boa recordação aos fãs caso o cancelamento da série se confirme, levando-a ao mesmo limbo em que estão "Demolidor", "Punho de Ferro" e "Luke Cage".