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Óvnis, sequestro e fake news: os perrengues para fazer uma série sobre ETs no Brasil

Fred Morsch é o apresentador da série "De Carona Com os OVNIs" - Reprodução
Fred Morsch é o apresentador da série "De Carona Com os OVNIs"
Imagem: Reprodução

Rodolfo Vicentini

Do UOL, em São Paulo

09/01/2019 04h00

Quem disse que seria fácil fazer uma série sobre ETs no Brasil? A primeira temporada de "De Carona com os Óvnis", em exibição no History Channel desde dezembro, explora os maiores hot spots (como os ufólogos chamam os locais de maior atividade) do país para tentar captar provas consistentes de que seres extraterrestres gostam mesmo é do clima tropical.

Mas a produção não ficou restrita apenas a encarar estradas de terra e ficar observando o céu por horas a fio. Entre um avistamento de um objeto voador não identificado e outro, a equipe do projeto ainda teve que driblar o turismo ufológico, as fake news, assalto a mão armada e problemas de saúde.

"Aconteceu de tudo nessa série, parecia que os extraterrestres não queriam que ela saísse", brinca, em entrevista ao UOL, o produtor executivo Leo Sassen, que se apaixonou por ETs ainda na adolescência.

A série funciona de forma didática. Cada episódio é focado em um local específico, em que o apresentador Fred Morsch explica por que aquela região é especial, além de conversar com moradores e especialistas. Em diversas situações, Fred é obrigado a se aventurar na natureza, principalmente para tentar observar novos óvnis e registrar algum fenômeno fantástico, como o famoso chupa-cabra ou a "luz vampira" na afastada Ilha de Colares, no Pará.

Cena da série "De Carona com os OVNIs" - Reprodução - Reprodução
Cena da série "De Carona com os OVNIs"
Imagem: Reprodução

Mais perrengues do que ser abduzido por um ET

Foram muitos obstáculos até chegar à televisão. Após cinco meses de pesquisa, Leo bateu o roteiro com o apresentador da série, mas recebeu um baque inesperado que o deixou de fora da produção por algumas semanas. "Fui diagnosticado, pouco antes de iniciar as filmagens, com câncer de cólon intestinal", conta o gaúcho, que já passou por cirurgia e está curado.

Enquanto estava no hospital se recuperando antes de voltar ao trabalho, recebeu uma ligação: a equipe da série havia sido sequestrada. "Quando eles estavam indo para Minas do Camaquã [no Rio Grande do Sul] houve um assalto à mão armada com um fuzil. Foi uma loucura, sequestraram a equipe e levaram todos para uma estrada. Deixaram a equipe em um matagal, e eles conseguiram me ligar com o único celular que sobrou. Foi um pavor".

"De Carona com os Óvnis" foi adiado por um mês antes de Leo e sua equipe juntar finalmente as tralhas para viajar do Rio Grande do Sul até o Pará, passando por Santa Catarina, Varginha, São Tomé das Letras e outros pontos importantes para a comunidade ufóloga do país -- tudo de forma responsável, garante Leo.

"Tiveram casos [durante a pré-produção] em que o entrevistado parecia muito fake ou muito turístico, porque tem muitas pessoas que fazem turismo ufológico, sabe? Você chega lá e daqui a pouco vem um ETzinho e a nave", lembra o produtor, aos risos. "Nossa ideia foi pegar casos verídicos e depoimentos de testemunhas, mostrar os casos e as pessoas com a maior seriedade possível."

Os bastidores da série "De Carona com os Óvnis" - Reprodução/Clip Produtora - Reprodução/Clip Produtora
Os bastidores da série "De Carona com os Óvnis"
Imagem: Reprodução/Clip Produtora

Registro de óvni e caso mais divertido

Leo conta que, durante a gravação para o episódio em Minas de Camaquã, a equipe flagrou um objeto com luzes estranhas voando no céu. "Apareceu um óvni que ficou voando para cima e para baixo que fez o pessoal parar no meio da estrada para ver o que era". Na sequência, o objeto foi embora, mas o incidente ficou registrado na série.

Cena da série "De Carona com os Óvnis" - Reprodução - Reprodução
Cena da série "De Carona com os Óvnis"
Imagem: Reprodução

Outro ponto explorado em "De Carona com os Óvnis" são os agroglifos [figuras geométricas que aparecem normalmente em plantações], corriqueiros em Santa Catarina desde 2008. A equipe entrevistou o ufólogo brasileiro Ademar Gevaerd para falar sobre o tema, e percebeu um detalhe curioso. "Muitos dizem que essas regiões são portais. O engraçado é que dentro do agroglifo tem sinal do celular, e fora não", analisa Leo.

Porém, nada supera o que aconteceu em Varginha há 22 anos. Provavelmente o caso mais impressionante registrado pela comunidade ufóloga brasileira, a cidade continua cheia de mistérios, que serão explorados durante a série. A equipe voltou para o município mineiro para tentar descobrir fatos inéditos sobre o ocorrido.

"Caiu uma nave lá nos anos 90 e conseguimos pegar diversas entrevistas, documentos e vídeos sobre o caso. Os militares abafaram tudo da operação e até gravaram um vídeo para a própria segurança. Varginha realmente aconteceu, o exército entrou e recolheu o corpo de um ser [extraterrestre] que tinha morrido na queda. O outro sobreviveu e ainda andou por toda a cidade, muita gente viu", conta Leo.

"O policial que atendeu o caso acabou morrendo um mês depois de imunodeficiência. Nós conseguimos entrevistar o médico que o atendeu, coisas inacreditáveis. Apareceram militares americanos em Varginha com malas de dinheiro para tentar silenciar as pessoas. Varginha é um caso a parte".

"De Carona com os Óvnis" é exibido pelo History Channel às sextas-feiras, às 23h30.