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Louis C.K. gera indignação ao fazer piada com sobreviventes de tiroteio em escola

O comediante Louis C.K. - Reprodução
O comediante Louis C.K. Imagem: Reprodução

Do UOL, em São Paulo

31/12/2018 13h08

Louis C.K., comediante que foi acusado de assédio sexual em novembro de 2017, protagonizou mais um episódio de indignação. Durante uma apresentação em um clube de comédia em Long Island, supostamente feita no último dia 16, ele incluiu em seu set comentários sobre os sobreviventes de um tiroteio em uma escola americana, zombando do fato de alguns deles terem se tornado ativistas sociais e políticos, o que gerou uma onda de críticas nas redes sociais dizendo que suas piadas foram longe demais.

Uma gravação em áudio de cerca de 50 minutos da apresentação de C.K. foi vazada no domingo no YouTube. Segundo a "Variety", C.K. começa o set falando que passou por um tempo difícil nos últimos 14 meses, desde que várias mulheres o acusaram de assédio sexual e má conduta em um texto publicado pelo jornal "The New York Times". Na época, em uma carta aberta, ele admitiu que as histórias eram verdadeiras.

Na apresentação, o comediante ataca a geração de jovens, dizendo que eles estão mais politicamente corretos do que quando ele era estava crescendo. "Estou um pouco desapontado com a geração mais jovem, sinceramente, porque tenho 51 anos e quando tinha meus 20 anos éramos idiotas. Nós ficávamos chapados, fazendo merda, e então as pessoas mais velhas nos chamavam a atenção e nós falávamos: 'Ah, ok, foda-se você'. Eu estava animado em estar nos meus 50 anos, e ver os jovens de 20 anos agora... eles são chatos".

Ele então começa a atacar os sobreviventes do tiroteio na Marjory Stoneman Douglas High School, que deixou 17 pessoas mortas em fevereiro em Parkland, na Flórida. "Estas crianças testemunharam diante do Congresso… O que estão fazendo? Você é jovem. Você deveria ser doido. Você deveria estar sendo desequilibrado, e não em um processo testemunhando [pelo que passou]. Você não é interessante porque você foi para uma escola onde as crianças foram baleadas. Por que isso significa que eu tenho que te ouvir? Como isso faz você interessante? Você não levou um tiro. Você empurrou alguma criança gorda no caminho e agora eu tenho que ouvir você falar?".

Durante o set, C.K. reconhece que alguns de seus comentários provocam controvérsias, mas ele enfatiza que tem pouco a perder. "O que você vai fazer, tirar meu aniversário? Minha vida acabou. Eu não dou a mínima", diz ele.

No Twitter, o cineasta Judd Apatow, diretor de filmes como "O Virgem de 40 anos" e "Superbad - É Hoje", criticou C.K.. "Este número superficial e sem graça é apenas um sintoma de como as pessoas têm medo de sentir empatia. É muito mais fácil rir da nossa vulnerabilidade do que olhar diretamente para a dor deles e mostrar-lhes amor e preocupação. Louis C.K. é todo medo e amargura agora. Ele não pode olhar para dentro".

Comediante, roteirista, diretor, ator e produtor, Louis C.K. era um dos mais proeminentes nomes da comédia americana da atualidade, adepto do humor negro e do chamado politicamente incorreto. Oriundo da cena do stand-up, ele ganhou vários prêmios de destaque, incluindo um Emmy ("The Chris Rock Show), um Grammy (pelo álbum de humor "Hilarious") e cinco "American Comedy Awards", considerado o Oscar da comédia.

Após as denúncias de assédio sexual, C.K. perdeu seu contrato com a FX Networks, foi demitido de projetos e teve o lançamento de seu filme "I Love You Daddy" cancelado por distribuidoras. Ele voltou aos palcos em outubro com algumas poucas apresentações em um clube de comédia em Nova York.