Sem Rick Grimes, "The Walking Dead" finalmente melhorou
"The Walking Dead" passou dois anos fazendo do espectador gato e sapato: teve tramas arrastadas demais, personagens mais rasos do que um pires e truques baratos para movimentar a história. Mas quem conseguiu aguentar até a nona temporada percebe que algo mudou: a série está surpreendentemente melhor, principalmente nos episódios pós-Rick Grimes (Andrew Lincoln).
A responsável por isso tem nome e sobrenome: Angela Kang, que assumiu o posto de showrunner no lugar de Scott M. Gimple, o homem que se tornou o inimigo número 1 dos fãs de "Walking Dead" após a morte de Carl, no primeiro semestre de 2018.
Sob a tutela de Kang, a série vive uma espécie de volta às origens. Os conflitos entre os personagens ganharam mais profundidade e relevância, longe daquela cansativa fórmula que opõe um grupo "do bem" a um vilão extremamente "do mal". Com isso, até os pequenos momentos da série vêm se mostrando interessantes e significativos, o que é mais do que bem-vindo após os anos em que eles estavam sendo usados apenas para prolongar histórias vazias.
O último episódio do ano, "Evolution", talvez seja o melhor exemplo disso. Dividido entre a busca por Eugene, as tensões entre as comunidades, a chegada de Henry a Hilltop e os diálogos de Negan com Gabriel, cada uma das tramas foi conduzida com rapidez e coerência, lançando bases importantes para o futuro da série. O isolamento de Michonne, e consequentemente o de Alexandria, reavivou um tipo de tensão interna que pouco se viu nos últimos anos; o espaço dado a Henry foi um exercício de construção de um personagem que, ao lado de Judith, representa a nova geração de sobreviventes; já Negan deu indícios de que, finalmente, irá se libertar do retrato caricatural e vilanesco - e sua fuga pode reposicioná-lo mais como anti-herói do que como vilão.
Mas a melhor surpresa ficou para o terceiro ato do episódio. A sequência no cemitério, em que Jesus e companhia fugiam dos zumbis "diferentes", foi uma das melhores dos últimos anos da série: ágil, empolgante e capaz de recriar uma atmosfera de terror que andava há muito esquecida pela produção.
A cereja no bolo foi a revelação rápida de que os tais zumbis eram, na verdade, humanos disfarçados, os Sussurradores. Em outros tempos, a série teria esticado o mistério por episódios e episódios a fio, tentando levar o público a acreditar que os mortos-vivos haviam, de alguma forma, evoluído.
Existe vida pós-Rick
No fim das contas, a despedida de Rick Grimes foi mais uma bênção do que uma maldição para "The Walking Dead". Ainda que o canal AMC tenha sido um tanto desleal ao passar meses insinuando que Rick iria morrer, para depois anunciar que não só ele continuaria vivíssimo como ainda protagonizará uma trilogia de filmes, o episódio final do ator Andrew Lincoln foi emocionante na medida certa, e criou um gancho instigante para o que vem pela frente.
Ao mesmo tempo, ele resolveu um problema grave da série. A sétima e a oitava temporadas acabaram sufocadas no lento embate do ex-xerife contra Negan, o que impediu que qualquer outro personagem ou história se desenvolvessem de forma significativa. Sem essa amarra, a produção agora se vê muito mais livre para explorar outras possibilidades, o que já está se traduzindo em mais tempo para Michonne e Daryl, que haviam ficado de escanteio nos últimos tempos.
"TWD", porém, terá de espantar a má fama adquirida nos últimos anos - e a audiência em queda. A série vem em uma maré de recordes negativos, e seu último episódio do ano, "Evolution", registrou a pior audiência entre os outros episódios veiculados no mesmo período. Agora, Angela Kang e seu time de roteiristas terão de trabalhar arduamente para recuperar a confiança do público e, quem sabe, convencer aqueles que abandonaram o barco a retornar.
"The Walking Dead" retorna no dia 10 de fevereiro. No Brasil, a série é exibida pelos canais Fox e Fox Premium.
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